(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas CAÇADORA DE ASTEROIDES

Mineira lidera 'caçadores' e descobre 50 asteroides sem sair de casa

Lorrane Olivlet, de 27 anos, liderou diversas equipes de caçadores de asteroides de dentro do seu quarto, no Barreiro, em Belo Horizonte


30/01/2023 14:51 - atualizado 30/01/2023 15:32

Lorrane com prêmio e medalha do MCTI.
O prêmio mais cobiçado por Lorrane, além do reconhecimento, como o troféu como o que recebeu do MCTI, é a oportunidade de batizar corpos celestes (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Nascida em Belo Horizonte e criada na região do Barreiro, Lorrane Olivlet, de 27 anos, realizou o sonho de qualquer entusiasta da astronomia: descobrir corpos celestes e poder batizá-los. Liderando equipes, ela foi responsável pela identificação de 50 asteroides, através do programa International Astronomical Search Collaboration, uma parceria da Nasa com o governo brasileiro. E, como divulgadora científica, buscou aproximar outras pessoas â 'caça de asteroides'.

programa disponibiliza imagens do telescópio Pan-STARRS, localizado no Havaí, para qualquer brasileiro interessado em contribuir para a identificação dos corpos celestes desconhecidos. Voluntário, o projeto de “ciência cidadã” oferece um software para equipes interessadas em desbravar o Cinturão Principal, localizado entre Júpiter e Marte.

Além da contribuição para o desenvolvimento científico (inter)nacional, a principal motivação do esforço é localizar os “neos”, corpos que podem estar em rota de colisão com a Terra. Lorrane explica que o grande risco são os asteroides pequenos, difíceis de identificar, mas que podem causar grandes estragos se atingirem áreas densamente povoadas, como São Paulo.

Lorrane com miniatura de um foguete.
Estudando em uma escola pública de uma periferia durante o ensino básico, ela cedo percebeu as dificuldades de acesso ao conhecimento em astronomia. (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

'Quero transformar o Brasil'

A jovem mineira é formada em Engenharia Biomédica pela Fumec, e cursa atualmente Engenharia Mecânica na UFMG. Divulgadora científica na área da astronomia há quase 14 anos, Lorrane publicou o livro 'Meu primeiro contato com o céu: Introdução ao sistema solar' em 2019. Seu interesse começou cedo, aos 3 anos, quando ganhou um livrinho para crianças que falava sobre o cosmos.

Estudando em uma escola pública de uma periferia durante o ensino básico, ela cedo percebeu as dificuldades de acesso ao conhecimento em astronomia. Pela internet, conheceu outros jovens que também queriam furar essa barreira e decidiu fundar um grupo que incentivasse o interesse pela área. Assim surgiu o InSpace, em 2019, que hoje tem membros em todo o país e até em Moçambique.

Caça aos asteroides


O programa de "caça aos asteroides", da Nasa, entrou no radar de Lorrane há um bom tempo, mas praticamente ninguém sabia do que se tratava, segundo ela. Em 2021, o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) fez uma parceria com a agência aeroespacial dos EUA e abriu inscrições para equipes interessadas.

FOTO 3

Lorrane quis participar, e seus colegas do InSpace rapidamente se prontificaram. Naquele ano, quase ninguém sabia mexer no software disponibilizado pela Nasa — a equipe foi pioneira. Em seguida, a jovem mineira começou a produzir conteúdos ensinando outras pessoas como caçar os asteroides, e virou líder de várias equipes.

Foram mais de mil objetos registrados como possíveis asteroides, dos quais 50 foram confirmados pela Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Nasa). O processo de formalizar a descoberta, e por fim nomeá-los oficialmente, pode levar alguns anos.

O prêmio mais cobiçado por Lorrane, além do reconhecimento entre os pares e eventuais troféus como o que recebeu do MCTI, é a oportunidade de batizar corpos celestes. “Na astronomia, é muito raro você ter a oportunidade de nomear alguma coisa. Estrelas, crateras, planetas, você não pode. Esses asteroides especificamente, entre a órbita de Júpiter e Marte, são os únicos que você pode dar o seu nome, ou o de alguém que você gosta."

Sua dedicação à caça dos corpos celestes foi máxima. “Fui líder de um monte de equipes, em 2021 e 2022. Eu usava meus horários de noite e madrugada para participar, porque tenho aula. Qualquer momento que dava, eu estava lá analisando as imagens”.

O maior mérito do programa, na opinião de Lorrane, foi estimular a divulgação científica e a participação de jovens em um momento de aumento do negacionismo científico. “Eu quero transformar o Brasil. Gosto muito de levar a ciência às pessoas, e acho que isso faz falta no nosso país.”

A jovem conta que o projeto melhorou muito, e o software está ficando mais acessível. Os interessados podem procurar Lorrane nas redes sociais (@lolivlet), onde ela ensina como dar os primeiros passos para caçar asteroides.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)