Embora pareçam inofensivos à primeira vista, os vermes "bloodworms" têm dentes de cobre e, quando mordem uma presa, injetam um veneno que é capaz de paralisar o corpo. Pescadores são mais suscetíveis a serem picados por esses seres aquáticos. A picada gera coceira, dor, inchaço e pode ocasionar até uma infecção bacteriana secundária.
Para formar a mandíbula incomum, esses vermes utilizam cobre de sedimentos marinhos e proteínas. "O verme começa com um precursor de proteína, que recruta o cobre para se concentrar em um líquido viscoso e rico em proteínas com alto teor de cobre e separação de fase da água. A proteína então usa o cobre para catalisar a conversão do derivado de aminoácido DOPA em melanina, um polímero que, combinado com a proteína, confere à mandíbula propriedades mecânicas que lembram metais manufaturados", explicam um grupo de cientistas que observaram, pela primeira vez, como esses organismos formam os dentes de cobre.
Esse processo de sintetização do cobre é visto com entusiasmo por cientistas. "Nunca esperávamos que uma proteína com uma composição tão simples, ou seja, principalmente glicina e histidina, desempenhasse tantas funções e atividades não relacionadas. Esses materiais podem ser sinais de como fazer e projetar melhores materiais de consumo", destaca o pesquisador Herbert Waite.
Os bloodworms têm expectativa de vida de cinco anos e são capazes de resistir em ambientes extremos, como por exemplo em locais com pouco oxigênio. “Esses são vermes muito desagradáveis, pois são mal-humorados e facilmente provocados. Eles encontram outro verme, eles geralmente lutam usando suas mandíbulas de cobre como armas", pontua o bioquímico da Universidade da Califórnia, em estudo publicado no ano passado.
Os bloodworms são bioindicadores da qualidade da água, pois a presença deles significa que a água é pobre em oxigênio. Entretanto, esses vermes, conhecidos como larvas-vermelhas não fazem mal aos peixes e são até usados como alimentos para alguns animais.
O estudo sobre os bloodworms foi publicado e está disponível na plataforma Matter. A publicação ocorreu em 24 de abril de 2022 e pode ser acessada na íntegra neste link.