Jornal Estado de Minas

Carlos Borsa exibe na Casa do Baile seus afrescos contemporâneos


 


Arquiteto com formação no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, Carlos Borsa, de 39 anos, vem desenvolvendo um trabalho que dialoga com a arquitetura e as artes visuais. Em cartaz na Casa do Baile, a exposição Do líquido ao concreto apresenta trabalhos escultóricos que atuam nas duas frentes. Em uma conversa com a azulejaria da edificação de Oscar Niemeyer datada de 1943, a mostra reúne peças criadas a partir de quadrados de cimento. Neles, imagens abstratas em tons de azul trazem referências da porcelana e da pintura asiática. Unidos, os quadrados formam grandes peças escultóricas, tanto para a parede quanto para o chão.
 
“Tudo começou na faculdade, quando, para o trabalho final de graduação, desenvolvi um revestimento cimentício. A partir dele, procurei fazer um híbrido entre arte e arquitetura. Depois de várias tentativas, alcancei a técnica do afresco que chamo contemporâneo, que é inspirado no afresco tradicional”, explica Borsa.
 
Durante o processo de fabricação das peças, uma imagem é pintada ou impressa em diferentes tipos de acetato. Esse material é depositado no fundo de formas de madeira.
Em seguida, é despejada a argamassa ainda fresca por cima dessas imagens. Dessa ação ocorre, durante a cura do cimento, a transferência das imagens presentes no acetato para a superfície das peças.
 
“As imagens alcançadas vêm do acaso. No meu estudo, trabalho questões do efêmero, aceitando o inesperado como processo de trabalho”, diz ele, cuja preferência pelo azul veio por influência da obra do artista francês Yves Klein (1928-1962).
 
Antes da Casa do Baile, esse trabalho de Borsa foi apresentado na SP Arte de 2017. Mas, ali, a montagem era totalmente diferente. O arquiteto cria os módulos por meio de pequenos quadrados, que obedecem a três tamanhos – 6,25cm, 12,5cm e 18,75cm. Há também peças em formato de cubo. Trabalhando para essa mostra nos últimos seis meses, ele acredita ter produzido em torno de 500 peças.
 
“Este trabalho tem como poética o acaso.
Vou juntando as composições sem seguir regras”, ele conta. Tanto que, na Casa do Baile, há uma escultura de parede com mais de 5 metros de comprimento e uma composição, para o chão, em que os cubos aparecem espalhados na instalação sem que se perceba onde ela começa e onde termina. “Parte do processo do trabalho é justamente ver essa fluidez”, diz Borsa.


Do líquido ao concreto
Exposição de Carlos Borsa. Em cartaz na Casa do Baile – Avenida Otacílio Negrão de Lima, 751, Pampulha, (31) 3277-7443. Visitação de terça a domingo, das 9h às 18h. Entrada franca. Até abril de 2020. 
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