
Depois do turbilhão, estamos aqui, nós brasileiros, seguindo em frente como nos obriga a vida. Aqueles que estão satisfeitos comemoram a vitória e os insatisfeitos, vencidos, deverão seguir igualmente fazendo oposição como convém a uma democracia. O direito à resistência é uma ideia que diz do direito legítimo de agir contra toda tirania.
Agora é hora de todos igualmente aguardarmos e torcermos para que o país retome a ordem e o progresso, como é o lema de nossa bandeira. É hora de mantermos o patriotismo e não o ódio demonstrado neste período anterior às eleições, de sermos fiéis aos nossos ideais e com certeza fiscalizando, vigilantes a todas as ações daqueles que assumirão a direção política desta nação.
Depois de tantas brigas entre amigos, irmãos e de rompimentos por intolerância, não seremos ingênuos de pensar que tudo serão flores. O homem é um ser agressivo que confronta o outro protegendo seu desejo. Portanto, o que norteia nossa convivência é a concorrência entre diferentes desejos que nem sempre podem ser conciliados.
O vínculo social é sustentado por uma rede de afetos, medos, insegurança. Tememos perder o que temos. Queremos mais do que temos. Somos mobilizados pelos desejos. E estes vêm sempre do desejo outro nos fazendo muitas vezes desconhecedores de tudo o que desejamos. Mas desejos nunca serão idênticos, serão sempre inéditos.
Nossos medos e inseguranças foram os principais motores da união de forças para construção de uma civilização que deveria nos proteger contra aquilo que mais tememos, tal como doenças, catástrofes, miséria e morte. Porém, a civilização não nos garantiu tamanha proteção e tem, como efeito colateral, o medo da crueldade e violência do outro quando a lei falha.
O Brasil mudou e os brasileiros também. Até mesmo nesta campanha testemunhamos o envolvimento forte entre nós e nos surpreendeu que os meios tradicionais de fazer política mudaram. Caíram em sua eficiência, deixando espaço para a comunicação direta com eleitores pela internet, deixando de lado debates e confrontos diretos, embora o atentado tenha em parte sido responsável ou o álibi perfeito para a ausência de Jair Bolsonaro. Ele não precisava se desgastar com tantos defensores ferrenhos.
Os brasileiros em maior número deixaram claro a intenção de dar um voto de confiança ao novo, preferindo alternativas para sair da crise em que o Brasil se encontra. Nos resta torcer para que dê certo, já que estamos todos navegando neste grande barco que por um largo período parece ter perdido o prumo.
Diante da crise que se instaurou, o único caminho em que com certeza somos unânimes em desejar é que o Brasil receba o melhor. Aguardaremos não sem insegurança aquilo que virá, pois nunca sabemos de antemão o que será. A aposta foi feita e, como toda aposta, é sem garantia que a fazemos. Ganhar ou perder são resultados prováveis, nem por isso deixamos de lançar nossa aposta. Somos mesmo obrigados a esta escolha forçada, já que o voto é compulsório.
Assim, governo e oposição devem de agora em diante somar esforços para que haja governabilidade com diálogo, mesmo que as divergências sejam constantes. A diferença existe e exige que as diversas opiniões e posições sejam acolhidas. E o ódio, a repressão não vão conseguir deter ou mudar isso fazendo todos iguais. Vivemos entre nossos pares e ímpares e será sempre assim.
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