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O herói desiludido

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O cinema nasceu em 1895. Pois já em 1912, Robin Hood estreou na tela grande em um curta-metragem mudo. Só daí dá para se ter uma ideia da série de adaptações que o mítico personagem inglês, que roubava dos ricos para dar aos pobres, já teve.

Kevin Costner, Sean Connery, Russell Crowe e até Renato Aragão já interpretaram o personagem. Mas As aventuras de Robin Hood (1938), de Michael Curtiz e William Keighley, com Errol Flynn no papel-título, segue imbatível como a mais relevante versão.

Robin Hood – A origem, que estreia nesta quinta-feira (29), chega aos cinemas com a intenção de ser a primeira franquia do personagem. Pois não deve ir adiante: o filme dirigido por Otto Bathurst (estreante no cinema, é conhecido por dirigir episódios de Peaky Blinders e Black mirror, entre outras séries) vem sendo considerado um dos maiores fiascos de 2018. Custou US$ 100 milhões e arrecadou, até agora, somente um quarto de seu orçamento, somadas as bilheterias dos EUA e de outros países.

O público já deve ter se cansado da história. Além disso, o longa-metragem, que tem Leonardo Di Caprio como um dos produtores, não tem lá muitos méritos para levar multidões aos cinemas.

Uma locução em off anuncia de maneira um tanto rebuscada que o que o público vai assistir é à verdadeira história de Robin Hood, que vai além do mito. Vemos surgir na tela um Robin jovem e despreocupado.

Robin de Loxley (Taron Egerton, o herói de Kingsman) é um garoto rico e boa-vida, que cai de amores por Marian (Eve Hewson, revelada na série The knick), uma jovem simples mas cheia de atitude. Os dois vivem um idílio interrompido quando Robin é convocado pela lutar nas Cruzadas.

Faz beicinho – afinal, para que lutar se ele tem mais o que fazer com a namorada? – e passa quatro anos fora. Ali conhece o mouro que se tornará o Little John desta versão, interpretado por Jamie Foxx, que garante alguns bons momentos. Ao retornar, Robin descobre que sua casa foi saqueada e abandonada e, pior, que Marian está com outro.

Sim, é por um motivo um tanto menos nobre que ajudar os necessitados que ele veste um capuz (hood, daí o apelido), resolve virar um fora da lei e ajudar o povo, que sofre o diabo com os abusos do xerife de Nottingham (Ben Mendelsohn).

E dá-lhe computação gráfica nas cenas de ação, sempre muito limpas. A mudança é tamanha que até a caracterização típica do personagem com a roupa verde é trocada por uma vestimenta acinzentada, meio modernosa – o capuz é adotado por ele de forma como muitos jovens o utilizam nos dias de hoje. Em busca de uma revisão da personagem há inclusive a sugestão de que a maldade do xerife de Nottingham vem do abuso infantil.

Aliás, neste filme em que o mocinho não tem lá muita graça, o melhor é assistir aos dois vilões: Mendelsohn e o imbatível F. Murray Abraham, aqui como o cardeal, a figura máxima da Igreja.
Pena que as cenas em que estão juntos são poucas, o que não vale o ingresso.


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