Dá para viver de carnaval em Belo Horizonte? E como! É o que Marcelo Veronez afirma. Desde novembro, o cantor e ator se dedica quase exclusivamente à produção de blocos e festas. Uma mudança e tanto, diga-se de passagem.
“Dez anos atrás eu nem gostava de carnaval, achava meio bobo. Odiava o verão, pessoas saudáveis, bronzeadas, só andava de calça jeans”, diz ele, lembrando-se de um antigo desabafo em post no Facebook que hoje o faz rir. Pois o Veronez carnavalesco só para bem depois da Quarta-feira de Cinzas.
Neste carnaval, ele está envolvido em três iniciativas: é o diretor artístico do bloco Havayanas Usadas, um dos cantores do Corte Devassa e o vocalista do recém-lançado Baile do Prazer, que já fez duas apresentações em BH.
A atuação nos dois blocos vem de outros carnavais. Já o Baile do Prazer é um projeto novo, de banda mesmo. Veronez é o vocalista do grupo formado por Gustavo Caetano (o baterista é do Unidos Samba Queixinho), Isabela Leite e Daylon Gomide (percussionistas, ela do grupo de maracatu Pata de Leão e ele do Chama o Síndico), Marcos Frederico (guitarra baiana), Brenda Vieira (baixo) e Matheus Rocha (guitarra).
Veronez estava com Gustavo Caetano assistindo a um show de Moraes Moreira no Distrital do Cruzeiro. Quando vieram os versos de Bloco do prazer – “Pra libertar meu coração/Eu quero muito mais/Que o som da marcha lenta” –, os dois se entreolharam. Pouco depois, resolveram criar, inspirados pela música, o Baile do Prazer.
FREVO
É um baile-bloco ou um bloco-baile, dependendo da configuração. Com repertório baseado em frevo, forró e marchinhas – mas uma linguagem mais pesada, com sotaque mais roqueiro do que carnavalesco –, o Baile do Prazer fez dois shows em janeiro – um na Gruta, no Horto, e outro na cervejaria Jacinta, em Santa Efigênia. Outras datas deverão ser marcadas até o período carnavalesco.
Na rua, ele estreia em 17 de fevereiro, na Rua Pernambuco, Savassi. Como todos os integrantes estão envolvidos com outros blocos, o Baile só pode sair no pré-carnaval.
Como todo carnaval tem seu fim, Veronez vem aliando os preparativos da festa com sua produção autoral. Ator de formação, despontou no cenário musical com o show Não sou nenhum Roberto, em que relê, com acento autoral, a obra do Rei. O show já tem 10 anos e, inventivo que é, Veronez traz uma novidade a cada apresentação.
Em paralelo a esse trabalho, ele lançou, em 2017, Narciso deu um grito, seu primeiro álbum, com boa parte do repertório criado a partir de canções de compositores da nova geração da cena mineira. “Mesmo estando fechado para o carnaval, comecei a receber algumas músicas de amigos. Estou pensando na possibilidade de fazer um disco de forma diferente, com uma estrutura menor, minimalista. E as músicas que recebi estão ‘casando’ com essa ideia”, comenta ele, que já trabalha em estúdio.
Em início de pré-produção, o disco está sendo concebido por Veronez com os músicos Yuri Vellasco e Paulinho Sartori, que também participaram de Narciso. “No ano passado, fiz com o Barulhista um projeto em que sempre convidávamos algum outro músico (o pianista David Fonseca e o violonista Thiago Delegado foram alguns deles). O formato de trio me inspirou para o disco novo. O Narciso era muito rebuscado, cheio de instrumentos, quase 60 pessoas na ficha técnica”, comenta Veronez.