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Berlim verá filme sobre roubo a fazenda em Minas e 'Marighella'

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Fora da competição pelo Urso de Ouro no 69º Festival de Berlim, o Brasil, a despeito disso, terá presença relevante na mostra. Treze produções (e coproduções) brasileiras serão exibidas na capital alemã, entre 7 e 17 de fevereiro. Ontem (29), o festival divulgou sua programação completa – serão 400 filmes, distribuídos em diversas seções, e quase mil exibições.



Mesmo fora do páreo, Marighella, que marca a estreia do ator Wagner Moura na direção de longas-metragens, será exibido ao lado dos títulos da competição oficial, embora não participe da disputa por troféus. Os organizadores da Berlinale também anunciaram o júri completo. Sob a presidência da atriz francesa Juliette Binoche, os responsáveis por escolher vencedores da mostra competitiva serão o cineasta chileno Sebastián Lelio (Oscar de filme estrangeiro por Uma mulher fantástica), a atriz e diretora inglesa Trudie Styler, o crítico americano Justin Chang, a atriz alemã Sandra Hüller e o curador americano Rajendra Roy. A documentarista brasileira Maria Augusta Ramos (O processo) integra o júri que premiará o melhor filme documentário participante do festival.

Wagner Moura é bem conhecido do evento, já que Tropa de elite, de José Padilha, levou o Urso de Ouro em 2008. Em Marighella, baseado da biografia do guerrilheiro escrita por Mário Magalhães, o músico e ator Seu Jorge interpreta o personagem-título. Também estão no elenco Adriana Esteves, Bruno Gagliasso, Jorge Paz, Luiz Carlos Vasconcelos, Humberto Carrão, Bella Camero e Ana Paula Bouzas.

Segunda mostra mais importante do Festival de Berlim, a Panorama terá no páreo o documentário Estou me guardando para quando o carnaval chegar, de Marcelo Gomes (que competiu na mostra alemã com Joaquim, há dois anos), a ficção Greta, de Amando Praça, com Marco Nanini; Breve historia del planeta verde, do argentino Santiago Loza (coprodução Argentina, Brasil, Alemanha e Espanha), Divino amor, do pernambucano Gabriel Mascaro (coprodução entre Brasil, Uruguai, Chile, Dinamarca, Noruega e Suécia, também no Festival de Sundance); e La arrancada, do amazonense Aldemar Matias, filme produzido por Brasil, França e Cuba.



Uma produção mineira compete na mostra Fórum. Querência, novo longa de Helvécio Marins Jr., foi rodado no interior do estado. O protagonista é Marcelo di Souza, um vaqueiro que vive no Noroeste de Minas e tem sua vida transformada após um grande assalto na fazenda onde trabalha.

A história na tela é quase toda verdadeira, garante Marins Jr., hoje radicado em Portugal. “Eu estava vivendo em uma fazenda muito próxima à região onde filmei Girimunho (seu longa anterior), entre Unaí e Uruana de Minas”, conta o diretor. Quando estava com tudo pronto para filmar o novo longa – “A dois meses da filmagem” – seu protagonista desistiu.

ASSALTO

“Bateu uma loucura, fiquei pensando no que iria fazer da vida. Eis que, na fazenda vizinha, houve um assalto e levaram 120 cabeças de gado. Marcelo era o único vaqueiro que estava ali no momento do assalto, foi colocado como refém”, relembra Marins Jr. Ele decidiu ir a fundo na história e transformá-la em seu próximo filme. “Marcelo é um cara tranquilo, muito doce e viu seu mundo desabar. Achei aquilo interessante, ainda mais porque, quando está numa arena de rodeio, ele se transforma.”



Querência foi rodado em 2016. O longa tem um nome de peso na ficha técnica. Walter Salles é um dos produtores, por meio da Videofilmes. Marins Jr. se recorda de como o contato foi feito. “O (Eduardo) Coutinho, quando viu Girimunho, quis conversar comigo. Ele levou o filme para o Walter, o João Moreira Salles e o Eduardo Escorel. Depois que viram, eles me mandaram um dos e-mails mais lindos que recebi na vida. João e Walter me perguntaram se os aceitava como novos companheiros de viagem”, comenta o diretor.

A mostra Fórum ainda terá, do Brasil, os filmes Chão, de Camila Freitas, O ensaio, de Tomar Guimarães, e A rosa azul de Novalis, de Gustavo Vinagre e Rodrigo Carneiro. Há apenas um curta brasileiro na competição internacional: Rise foi rodado com personagens de uma comunidade que frequenta os subterrâneos de uma das novas linhas do metrô, em Toronto, no Canadá. Os autores são a fotógrafa e cineasta Bárbara Wagner e seu companheiro alemão, Benjamin de Burca.

Único brasileiro na mostra Geração, o documentário Espero tua (re)volta, de Eliza Capai, reflete sobre a recente história brasileira  a partir das lutas estudantis. “Em 2016, fui fazer uma pesquisa para uma série de TV quando os estudantes ocuparam a Alesp, em São Paulo, pedindo a CPI da merenda. Minha ideia era entrar rapidamente e encontrar as lideranças”, conta Eliza, que acabou permanecendo por dois dias e só deixando o lugar quando a ocupação terminou.



A documentarista ficou curiosa para entender essa geração, saber “quem são esses meninos de escola pública e da periferia que conseguem um grau de organização daquele tamanho”. Espero tua (re)volta é centrado em três personagens: Lukas Koka, Marcela Jesus e Nayara Souza. “A ideia inicial era filmar só com os meninos que estavam na ocupação. À medida que pesquisei mais, vi a complexidade do tema.” Dessa maneira, o filme trata de outros pontos das lutas estudantis, como gênero e feminismo.

O documentário acompanha cinco anos da história brasileira: as passeatas de 2013, o processo de impeachment de Dilma Rousseff e a eleição de Jair Bolsonaro à Presidência, no final de 2018. Para Eliza, estar na mostra Geração tem um significado maior. “Uma parte expressiva do público é de secundaristas alemães. É um espaço muito especial, pois é uma mostra que se comunica com a juventude”, diz a documentarista.

A MOSTRA ALEMÃ

Confira os filmes da seleção oficial do Festival de Berlim 2019
L’adieu à la nuit, de André Téchiné (França/Alemanha) – fora de competição
Amazing Grace, de Alan Elliott (EUA) – fora de competição
The Ground beneath my feet, de Marie Kreutzer (Áustria)
So long, my son,  de Wang Xiaoshuai (China)
Elisa y Marcela, de Isabel Coixet (Espanha)
The golden glove, de Fatih Akin (Alemanha/França)
God exists, her name is Petrunya, de Teona Strugar Mitevska (Macedônia/Bélgica/ Eslovênia/Croácia/França)
Grâce à Dieu, de François Ozon (França)
I was at home, But, de Angela Schanelec (Alemanha/Sérvia)
The kindness of strangers, de Lone Scherfig (Dinamarca/Canadá/Suécia/Alemanha/França) – filme de abertura
A tale of three sisters, de Emin Alper (Turquia/Alemanha/Holanda/Grécia)
Marighella, de Wagner Moura (Brasil) – fora de competição
Mr. Jones, de Agnieszka Holland (Polônia/Reino Unido/Ucrânia)
Öndög, de Wang Quan’an (Mongólia)
The operative, de Yuval Adler (Alemanha/Israel/França/EUA) – fora de competição
La paranza dei bambini, de Claudio Giovannesi (Itália)
Répertoire des villes disparues, de Denis Côté (Canadá)
Synonymes, de Nadav Lapid (França/Israel/Alemanha)
System crasher, de Nora Fingscheidt (Alemanha)
Out stealing horses, de Hans Petter Moland (Noruega/Suécia/Dinamarca)
Varda par Agnès, de by Agnès Varda (França) – fora de competição
Vice, de Adam McKay (EUA) – fora de competição
One second, de Zhang Yimou (China)