Belo Horizonte sofre no quesito evento. Todas as vezes em que há algum grande evento na cidade, seja na região que for, surgem reclamações. Algumas exageradas, outras procedentes. Não podemos negar que tudo o que tira a cidade e o bairro de sua rotina incomoda os moradores. A quantidade de pessoas, o desvio do trânsito, a falta de educação de quem joga lixo nas ruas e usa o espaço público como se fosse banheiro, os vendedores ambulantes e, ainda por cima, o som alto, no caso de shows.
A cidade precisa de eventos. É necessária certa tolerância e compreensão por parte dos moradores da região onde eles são realizados, como também respeito por parte dos produtores. A coluna recebeu e-mail da Paula Souza, leitora assídua, pedindo a publicação de seu apelo, ou desabafo, que fazemos a seguir:
“Sou leitora do Estado de Minas e sempre leio suas colunas. Sei, portanto, que você é antenada em tudo o que acontece no mundo, quanto mais em Belo Horizonte.
No Estado de Minas do dia 3, saiu uma nota sobre o Planeta Brasil, realizado no Mineirão. Realmente, foi um grande evento. Gostaria de chamar a sua atenção para os impactos gerados para a população do entorno do estádio. Moro próximo ao local e infelizmente lhe digo que essa festa, bem como todos os eventos realizados na área externa do estádio, não tem nada de respeito. É um total desrespeito com os moradores.
Vale lembrar que logo do outro lado do estádio, onde às vezes também são instaladas aquelas estruturas gigantescas, com luzes, fogos, foguetes e todo o aparato de eventos gigantes, está a Escola de Veterinária da UFMG, onde ficam internados animais em recuperação, frágeis e muitas vezes traumatizados. O impacto desses rojões, ou seja lá o que eles estão usando, é profundo sobre esses animais traumatizados e doentes. Ficamos sempre apreensivos e temerosos a cada vez que vimos as geringonças chegando. A cada dia, elas estão maiores e mais potentes.
A região tem uma rica fauna, principalmente de aves, inclusive de hábitos noturnos, como a coruja. Imagine a situação desses pequenos animais que têm sua casa invadida por decibéis, gritos descontrolados até altas horas. É chocante, só estando aqui para sentir o que é a falta de respeito. Não se preocupam com a população local, com o meio ambiente e a sustentabilidade da sua atividade econômica.
Quem sabe se abre o diálogo entre os envolvidos e a população? É preciso respeito aos nossos direitos, bem como à fauna e flora da região da Lagoa da Pampulha, que é nosso patrimônio cultural da humanidade e só por isso deveria ser mais bem cuidada por todos nós.” (Isabela Teixeira da Costa/Interina).