É gratificante ver profissionais usando seu trabalho para ajudar o terceiro setor. Não são poucas as associações e fundações sérias, com trabalhos reconhecidos, que necessitam de gente criativa para contribuir com inovações e projetos que gerem produtos que possam ser revertidos em recursos. Foi isso que o mineiro Ronaldo Silvestre acabou de fazer.

Dez anos depois de desenvolver sua primeira coleção para a Associação Futurarte, em Betim, o estilista e designer se empenhou em novo projeto, tendo o reaproveitamento de jeans como carro-chefe. Para quem não sabe, a Futurarte visa promover a geração de renda para mulheres em situação de vulnerabilidade que moram na área rural de Betim. A comercialização dos produtos desenvolvidos na instituição se dá por vários canais. São criadas peças em tecelagem e cestaria com materiais recicláveis (jornal, revistas, saco de cimento, retalhos de couro e tecido). Banners e papelão se tornam objetos de adorno. Também se produzem utilitários – bolsas, carteiras, ecobags, peças de decoração e brindes corporativos.

Ronaldo Silvestre foi escolhido para desenvolver a nova coleção da Futurarte.

O trabalho começou em agosto do ano passado com oficinas ministradas pelo designer para artesãs de Betim. Ele ensinou novas técnicas e repassou um pouco de seu conhecimento de moda. Além da criação de nova linha, com 30 produtos, o objetivo do programa é promover o fortalecimento econômico da associação e estimular a diversificação do uso de materiais, unindo diferentes texturas e cores de forma inovadora. Entre as novidades da coleção está a linha masculina, além de peças que têm o jeans como matéria-prima principal.

De acordo com Ronaldo, o principal objetivo é capacitar as mulheres, promovendo a geração de renda e novas possibilidades de negócios. Ele reforça que um dos destaques da Futurarte é o trabalho com materiais reutilizáveis, geralmente descartados por tecelagens e confecções, originando lindos produtos com alto valor agregado. Além disso, a Futurarte busca promover mudanças sociais por meio do design, é o que se chama designer social.

Em 2008, Ronaldo trabalhou com a Futurarte. Participou do workshop que resultou na apresentação da associação ao mundo da moda por meio de um desfile no Dragão Fashion Brasil, em Fortaleza. Dez anos depois, ele volta ao projeto, trazendo novos processos e experimentos para atender à demanda dos mercados de brindes corporativos e da moda. Destacam-se os acessórios masculinos – porta-chuteiras e aventais para barbeiros, garçons e chefs de cozinha.

Pioneiro no desenvolvimento e qualificação de projetos sociais em comunidades carentes, Ronaldo Silvestre é responsável pela elaboração de programas para as cooperativas Justa Trama, Unisol Brasil, Cooperfashion, Futurarte, A Cara do Sertão e Instituto Tecendo Itabira. Em seu trabalho autoral, o estilista tem a preocupação de envolver questões vivenciadas pela sociedade contemporânea, como ecodesign, economia criativa e a preocupação socioeconômica e ambiental.

Em seu processo de criação, ele busca aprimorar os estudos e padrões de modelagem e alfaiataria, trabalhando o redesign na desconstrução de tecidos e formas. (Isabela Teixeira da Costa/ Interina)
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