Temos visto na mídia diversos casos de problemas graves enfrentados por pacientes que fazem procedimentos estéticos com cirurgiões plásticos. Alguns chegaram a óbito. Graças a Deus, esses profissionais são minoria, porém, mais numerosos do que deveria. Muitas vezes me perguntava como o paciente tem coragem de fazer algum procedimento com alguém que atende em casa. Depois de ouvir alguns relatos, percebi que o poder de envolver e persuadir desses profissionais é bem maior do que se imagina.
A coluna recebeu e-mail do leitor Alexandre José Gontijo Fonseca, relatando, sucintamente, o que ocorreu com ele. Foi possível entender o modus operandi de quem quer se aproveitar da carência do outro. Esse ponto é crucial. Na maioria das vezes, a pessoa procura o médico para resolver um problema estético visível, que incomoda muito, que lhe tira a autoestima.
“Em 2014, fiz três sessões do Laser CO² Fracionado para remoção de cicatrizes de acne, em uma clínica de cirurgia plástica no Bairro Santo Antônio. Esperei mais de 40 minutos pela médica, que chegou com malas, visivelmente tensa e ansiosa por causa da viagem. Assim que entrei no consultório, a cirurgiã plástica, que é a proprietária da clínica, perguntou se tinha visto como era o procedimento pela internet. Respondi que sim. Então, ela apresentou os valores.
Fechei o pacote de três sessões do laser por R$ 2, 2 mil, pagos em espécie, com a promessa de melhora da pele do rosto em 60% a 80%, de acordo com o seu feeling e know -how. Procurei uma médica porque acho que mulher é mais ligada nesse assunto de estética.
Fiquei sabendo de diversos erros cometidos, no ano passado, por uma dermatologista.
A doutora delegou todo o procedimento a um nutricionista (não sabia que um nutricionista não pode fazer o procedimento, que é agressivo e invasivo), que não tem capacidade técnica e competência para realizar o laser. Somente médicos com RQE (Registro de Qualificação de Especialista) estão aptos e autorizados a fazer o procedimento. Ela não forneceu óculos de proteção para mim e nem para o nutricionista, não firmou nenhum contrato ou termo de consentimento informado. Não explicou sobre o procedimento e as complicações que poderiam ocorrer.
Ano passado, fiquei sabendo que o laser não surtiu nem sequer 1% de efeito porque o nutricionista fez a aplicação em cima do creme anestésico. Um erro gravíssimo, que poderia ter acarretado em queimaduras, cicatrizes inestéticas indeléveis ou até mesmo intoxicação pelo creme anestésico. O pior de tudo foi o resultado inócuo. Chegava da rua suado – minha pele é extremamente oleosa –, o nutricionista aplicava o creme anestésico, esperava 30 minutos e realizava o laser. Errado, é preciso retirar o creme com água e sabonete para não queimar. Na terceira e última sessão, a médica não estava para calibrar a potência do aparelho, o nutricionista não sabia, estava nervoso e aplicava o laser no seu braço testando a potência. Senti fortes dores, foi uma tortura.