Expressão artística pujante nas ruas de várias cidades do planeta, o grafite também tem seu espaço em áreas fechadas. Será inaugurada nesta quinta-feira (18), na galeria Gilda Queiroz, no Bairro São Pedro, a exposição Adjunto. A mostra reúne trabalhos de cinco artistas de Belo Horizonte e São Paulo que há décadas se dedicam a colorir as cidades com propostas criativas e transformadoras. Com objetivo de aproximar essa linguagem do público, eles trocam o espaço urbano pelas telas, exibidas até 18 de maio.
O idealizador do evento é o belo-horizontino de nascença e residência Matheus Aminadab, conhecido como MA3. Ele emprega seus traços pelas ruas e avenidas da cidade desde 1993, quando tinha somente 13 anos. Vindo de uma origem mais underground dentro da arte urbana, mas hoje com um repertório vasto de cores e formas, ele é categórico ao falar sobre o tema: “Quando o grafite vai para a galeria, ele deixa de ser de grafite”. No entanto, ao executar a proposta, a ideia é que “o público possa entender as relações culturais e sociais dessa arte”, afirma.
Em vez de muros ou fachadas de prédios, MA3 colocará sua criatividade em telas, como fazem profissionais de outros campos das artes visuais. Seus trabalhos se juntarão aos de quatro artistas, todos com atuação desde os anos 1990: ONESTO, paulistano cujas obras exploram a relação entre as cidades e seus habitantes; BIOFA, também da capital paulista, que apresenta pesquisas relacionadas à reutilização de objetos descartados e de locais esquecidos pela própria cidade; HOPE, outro paulistano, com influências dos cartoons e da street art; e FHERO, que nasceu em São Paulo, mas vive em BH e costuma utilizar poucas cores, mas traços fortes e elementos da cultura brasileira em suas criações.
“São artistas que estão há muito tempo contribuindo com a cidade, fazendo intervenções.
MA3 argumenta que “o grafite é uma arte que está ali para interagir com o espectador e fazer pensar. Cada um enxerga de um jeito e tira um proveito daquilo ali. Estamos há muito tempo nas ruas restaurando lugares degradados e até fazendo trabalhos que deveriam ser do poder público, de decorar e dar nova vida a ambientes abandonados. Temos essa cultura desde sempre”.
PAPEL NOBRE O artista destaca a relevância social da arte. “Ainda há certa resistência. Na cultura do grafite, a gente costumava pintar primeiro e pedir depois. Às vezes, havia certa truculência por parte da polícia, muita gente não sabe diferenciar o grafite do vandalismo, mas isso tem mudado.
Os cinco artistas apresentarão novidades em telas de tamanhos variados, mas que possibilitam a aquisição por potenciais interessados em colecionar. “Mostraremos as essências e técnicas do grafite e da nossa criatividade e o estilo que costumamos usar nas ruas. Queremos que as pessoas contemplem isso, para incentivar o colecionismo do que fazemos e uma interação maior. Muita gente vê os grafites na rua e não sabe de quem é. Essa exposição será uma grande oportunidade de conhecer”, destaca MA3.
ADJUNTO
Trabalhos de MA3, FHERO, ONESTO, BIOFA e HOPE. Gilda Queiroz Galeria de Arte. Rua Viçosa, 229, Bairro São Pedro, (31) 3223-4528 e www.facebook/GildaQueirozGaleriaDeArte. De segunda a sexta, das 10h às 18h; sábado, das 10h às 14h. Até 18 de maio. Não abre na sexta-feira santa (19)..