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Bandas punk reafirmam o discurso de crítica ao conservadorismo com shows em BH e Mariana

Em dois fins de semana seguidos, o punk reafirma o tom ácido de crítica à ordem conservadora. Banda ícone que nasceu na Finlândia é a atração maior no Matriz


postado em 27/04/2019 05:13

A finlandesa Rattus se apresenta pela primeira vez em BH, em evento que reunirá ainda quatro grupos de Minas, um do Rio e outro da Bahia (foto: Rattus/Divulgação)
A finlandesa Rattus se apresenta pela primeira vez em BH, em evento que reunirá ainda quatro grupos de Minas, um do Rio e outro da Bahia (foto: Rattus/Divulgação)


O movimento punk, que explodiu nos anos 1970, teve como suas principais capitais musicais Londres, dos Sex Pistols e The Clash, e Nova York, ninho dos Ramones, Stooges e The Heartbreakers. Porém, a gélida Finlândia também teve grande contribuição sonora nesse contexto, mesmo com sua língua desconhecida para a maioria do planeta. Formada em 1978, o Rattus se tornou uma lenda no estilo, influenciando gerações em outros continentes, inclusive no Brasil. Neste sábado, a banda se apresenta pela primeira vez em Belo Horizonte, mostrando que os 41 anos na estrada do punk rock e do hardcore não esgotaram o espírito combativo e rebelde. O grupo finlandês é a principal atração do festival MetalPunk Overkill, realizado em BH desde 2013. Dedicado a unir diferentes vertentes do rock pesado, o evento ainda terá mais seis bandas, quatro delas de Minas, uma do Rio e outra da Bahia.

Quando as atuais facilidades digitais de difusão musical inexistiam, no início dos anos 1980, o grupo da pequena Vilppula, sob influência de Sex Pistols e The Damned, já chegava a ouvidos distantes, participando de turnês pela Finlândia de grandes nomes do punk mundial, como The Exploited e Dead Kennedys. Não demorou para que os mais ávidos no Brasil por um som ríspido e contestador conhecessem a banda, cujo terceiro disco se chama Uskonto on vaara, ou Religião é perigo, na tradução para português, lançado em 1984.

“O Brasil sempre foi um país especial, com grandes fãs. Recebemos as primeiras cartas do Brasil nos primeiros anos da década de 1980. Então, a conexão tem sido semelhante há tempos”, relata o baixista Tomppa Marjamäki, um dos fundadores do Rattus, que faz sua terceira passagem pelo país.

Sem fugir das principais características do punk rock clássico, de poucos acordes e muita velocidade nas letras e melodias, o Rattus sempre falou grosso sobre temas sensíveis, como libertação animal, ameaça nuclear e exclusão sociais, críticas a religiões, o militarismo, nacionalismo, autoritarismo e ao sistema econômico mundial. “O punk rock e as pessoas nele são provavelmente os mais favoráveis a uma sociedade justa se você compara diferentes gêneros musicais. Esse pensamento foi uma das principais coisas que o punk rock começou”, defende Tomppa.

Ao falar sobre o contexto político e social no Brasil, onde alguns grupos até representados no poder defendem aquilo que a banda combate, ele lamenta: “Infelizmente, essa merda da extrema direita é popular em todos os lugares. O mesmo acontece na Finlândia. Acabamos de ter uma eleição e o segundo partido mais votado (Perussuomalaiset, ou Partido dos Verdadeiros Finlandeses, em português) é abertamente pró-ódio contra os estrangeiros”, diz Tomppa.

Com 41 anos dedicados ao punk rock, incluindo uma pausa entre 1988 e 2001, do trio original o Rattus ainda conta com o baterista V-P Hyvärinen, ao lado de Tomppa. Na guitarra e vocal, Jopo Rantanen (hoje principal letrista) assumiu o posto quando a banda retomou as atividades. “Eu não posso explicar por que ainda estamos nisso, mas talvez sejam as pessoas que encontramos nos shows”, afirma o baixista veterano, que ainda diz: “É ótimo tocar na cidade de onde o Sepultura é”, ao comentar a estreia em BH.

MetalPunk Overkill

. Shows: Rattus (Finlândia), Apokalyptic Raids, Gore, Aphorism, além de Scalped, Nuclear Blood, Aguarez e Possuídos.
. Sábado, 27 de abril, Às 18h, no Matriz Casa Cultural (Rua dos Guajajaras, 1353 – Barro Preto)
. Ingressos: R$ 40 no site Sympla e R$ 50 na bilheteria local
. Mais informações: (31) 3212-6122


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