Alguém conversa com a própria vida. É dessa forma que a poeta, atriz, jornalista, professora e cantora Elisa Lucinda define seu segundo romance, Livro do avesso, o pensamento de Edite. Na sexta-feira (14), ela participa de sessão de autógrafos na Livraria Quixote, na Savassi. “Trata-se da reunião de textos leves, de pensamentos mais livres de uma mulher questionadora, crítica, romântica e irreverente. Eu o escrevi simultaneamente ao meu primeiro romance, Fernando Pessoa, o cavaleiro de nada”, conta Elisa.
Durante o processo de criação de O cavaleiro do nada..., a autora anotava, no celular, ideias que nada tinham a ver com aquele projeto. “Quando vi, já tinha mais de 500 registros. Assim surgiu o livro. A Edite aborda temas muito profundos a partir de observações singelas da realidade”, explica. “Na verdade, nem sabia que se tratava de um romance. A princípio, pensei: é prosa, um certo diário. Porém, quando Edite se configurou e se apresentou como narradora do começo ao fim, não houve dúvida. O romance já nasceu pronto.”
Em seus apontamentos, Elisa Lucinda registrava momentos em que se sentia pressionada. “Isso foi criando um tumulto no meu peito, um certo sufocamento. Aí, toda a poesia que ameaçava nascer dentro de mim ia logo para a boca enorme do primeiro romance. Tudo o que eu pensava poeticamente acabava parte de um capítulo, de uma cena do Cavaleiro de nada”, conta.
Naquele momento, ela passou a fazer anotações quase escondida de si mesma. “Ninguém podia saber que estava escrevendo outra coisa além das encomendas já em curso. Nem eu. Qualquer pensamento que passasse na cabeça que fosse simples, livre e solto ia para as anotações”, confessa.
SONHO Tudo começou com um sonho, no qual Edite surgiu. “Avistei sua lógica, seu funcionamento. Nasceu espontaneamente, eram anotações de um certo avesso”, resume. “Esse livro é despretensioso e, pra mim, um filho muito legítimo”, orgulha-se.
“A Edite tem olhar muito singelo, não tem preconceito ou bandeira alguma. É um alter ego, porque ela também sou eu”, diz Elisa Lucinda. A personagem fala de amor, sexo, morte, medo e saudade.
A autora observa que Edite faz parte de sua própria vida. “Isso porque ela e suas vozes marcam uma grande transformação do feminino, desde quando eu era criança. No meu inconsciente moram tias, vizinhos, dias riquíssimos dos subúrbios num tempo em que a histeria era ainda mais alegórica, pois as mulheres eram muito castradas, oprimidas em suas potencialidades.”
Para Elisa Lucinda, o novo livro é um brinde à libertação feminina. “Edite não é ativista, oficialmente falando. Seu discurso não é panfletário, ela não está num comício. Todas as suas observações políticas são ditas de um ponto de vista muito íntimo e pessoal, sem grandes extensões teóricas. Mas ela não fica em silêncio”, conclui.
LIVRO DO AVESSO, OPENSAMENTO DE EDITE
De Elisa Lucinda
Editora Malê
156 páginas
R$ 38
Lançamento na sexta-feira (14), às 11h, na Quixote Livraria e Café. Rua Fernandes
Tourinho, 274, Savassi, (31) 3227-3077.
Durante o processo de criação de O cavaleiro do nada..., a autora anotava, no celular, ideias que nada tinham a ver com aquele projeto. “Quando vi, já tinha mais de 500 registros. Assim surgiu o livro. A Edite aborda temas muito profundos a partir de observações singelas da realidade”, explica. “Na verdade, nem sabia que se tratava de um romance. A princípio, pensei: é prosa, um certo diário. Porém, quando Edite se configurou e se apresentou como narradora do começo ao fim, não houve dúvida. O romance já nasceu pronto.”
Em seus apontamentos, Elisa Lucinda registrava momentos em que se sentia pressionada. “Isso foi criando um tumulto no meu peito, um certo sufocamento. Aí, toda a poesia que ameaçava nascer dentro de mim ia logo para a boca enorme do primeiro romance. Tudo o que eu pensava poeticamente acabava parte de um capítulo, de uma cena do Cavaleiro de nada”, conta.
Naquele momento, ela passou a fazer anotações quase escondida de si mesma. “Ninguém podia saber que estava escrevendo outra coisa além das encomendas já em curso. Nem eu. Qualquer pensamento que passasse na cabeça que fosse simples, livre e solto ia para as anotações”, confessa.
SONHO Tudo começou com um sonho, no qual Edite surgiu. “Avistei sua lógica, seu funcionamento. Nasceu espontaneamente, eram anotações de um certo avesso”, resume. “Esse livro é despretensioso e, pra mim, um filho muito legítimo”, orgulha-se.
“A Edite tem olhar muito singelo, não tem preconceito ou bandeira alguma. É um alter ego, porque ela também sou eu”, diz Elisa Lucinda. A personagem fala de amor, sexo, morte, medo e saudade.
A autora observa que Edite faz parte de sua própria vida. “Isso porque ela e suas vozes marcam uma grande transformação do feminino, desde quando eu era criança. No meu inconsciente moram tias, vizinhos, dias riquíssimos dos subúrbios num tempo em que a histeria era ainda mais alegórica, pois as mulheres eram muito castradas, oprimidas em suas potencialidades.”
Para Elisa Lucinda, o novo livro é um brinde à libertação feminina. “Edite não é ativista, oficialmente falando. Seu discurso não é panfletário, ela não está num comício. Todas as suas observações políticas são ditas de um ponto de vista muito íntimo e pessoal, sem grandes extensões teóricas. Mas ela não fica em silêncio”, conclui.
LIVRO DO AVESSO, OPENSAMENTO DE EDITE
De Elisa Lucinda
Editora Malê
156 páginas
R$ 38
Lançamento na sexta-feira (14), às 11h, na Quixote Livraria e Café. Rua Fernandes
Tourinho, 274, Savassi, (31) 3227-3077.