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Série relembra o drama de garotos vítimas de erro judiciário nos EUA

%u2018Olhos que condenam%u2019 mostra como cinco jovens pobres foram condenados injustamente por um estupro ocorrido em Nova York. Quinteto foi vítima de armação de promotora e policiais


postado em 22/06/2019 04:09

Caleel Harris faz o papel de Antron McCray, um dos garotos condenados injustamente nos EUA(foto: Atsushi Nishijima/Netflix)
Caleel Harris faz o papel de Antron McCray, um dos garotos condenados injustamente nos EUA (foto: Atsushi Nishijima/Netflix)



“Menti sobre você, cara. Me desculpe”, diz Kevin Richardson (Asante Blackk). “Menti sobre você também”, responde Antron McCray (Caleel Harris). “É. Eu também. Sinto muito, cara”, acrescenta Raymond Santana (Marquis Rodriguez). “Eles nos fizeram mentir. Certo?”, pergunta retoricamente Yusef Salaam (Ethan Harisse). “Por que nos trataram assim?”, questiona Kevin. “De que outra maneira tratariam?”, responde Raymond, hispânico entre os três negros, todos adolescentes e moradores do Harlem, em Nova York.


Em 19 de abril de 1989, Trisha Meili, jovem branca de 28 anos, foi brutalmente atacada e estuprada no Central Park, em Nova York. Ela ficou em coma por 12 dias e chegou a receber a extrema-unção. Sobreviveu depois de tratamento por oito meses e algumas sequelas.


Naquela noite, Kevin, Antron, Raymond, Yusef e Korey Wise (Jharrel Jerome) foram ao Central Park. Estavam no grupo de três dezenas de jovens que saíram para zoar na noite. Nenhum deles nem sequer viu Trisha, mas todos foram condenados pelo ataque. Olhos que condenam (When they see us), minissérie da Netflix em quatro episódios, recupera a história de um dos maiores erros jurídicos da história dos Estados Unidos. Trinta anos depois do ocorrido, a produção estelar – criação e direção de Ava DuVernay; Oprah Winfrey e Robert De Niro estão no time de produtores – virou a sensação da plataforma de streaming.

IMPACTO A repercussão da série, lançada há 20 dias, é enorme. Racismo e injustiça social são temas que indignam. E Olhos que condenam foi feita para indignar. O primeiro episódio acompanha os cinco adolescentes de classe baixa – um é fanático pelos Yankees, outro toca trompete, o terceiro só quer ficar com a namorada –, que são arrastados para uma delegacia e obrigados, sem a presença dos pais ou de advogados, a acusar uns aos outros (a maioria nunca tinha se visto) de um crime que não cometeram.


Capitaneados pela procuradora Linda Fairstein (Felicity Huffman), que criou a narrativa para pôr os jovens no centro do crime, investigadores forçam os meninos a assinar declarações de culpa. O elenco jovem competente – o olhar de abandono de Asante Blackk é de puro desespero – é complementado por nomes experientes. Vera Farmiga, John Leguizamo, Famke Janssen e Joshua Jackson estão entre eles.


Os Cinco do Central Park, nome que o caso ganhou, gerou indenização milionária. Condenado, o quinteto só saiu da prisão no início dos anos 2000. O acordo indenizatório fechado com a Prefeitura de Nova York, em 2014, concedeu US$ 41 milhões aos jovens.


A série ficcional ganhou outra produção na Netflix. Doze dias após o lançamento de Olhos que condenam, a plataforma colocou no ar o especial Oprah Winfrey presents: When they see us now, em que a apresentadora se encontra com os cinco, já adultos, bem como com o elenco.

JOGO A Netflix, por sinal, está jogando pesado. Em 12 de junho, dia em que o especial de Oprah foi lançado, a plataforma divulgou nas redes sociais que Olhos que condenam foi sua série mais assistida nos EUA “todos os dias, desde a première, em 31 de maio”.


Porém, o site IndieWire contestou a informação. “Ao afirmar que é ‘a série mais assistida no Netflix’, a implicação é que ela é ainda mais popular do que as reprises da Netflix de Friends e The Office, o que seria extraordinário”, publicou o site, lembrando que a empresa não divulga números, ou seja, não haveria como confirmar tal informação.


A suspeição veio porque Olhos que condenam foi lançada no último dia de elegibilidade ao Emmy, prêmio que a plataforma ainda não conquistou em suas categorias principais. “E a popularidade é muitas vezes crucial para as campanhas do Emmy”, acrescentou o IndieWire.


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