Jornal Estado de Minas

ARTES CÊNICAS

Festival Mundial de Circo encara a crise e arma o picadeiro em BH

Helder Vilela na cena Parada de mão - Foto: Micael Bergamaschi/divulgação

No fim de semana, o Festival Mundial de Circo chega à 19ª edição – este ano, realizada no peito e na raça. O Galpão Cine Horto vai receber, nos dois próximos sábados e domingos, mostra de cenas e um espetáculo. Ao longo da semana que vem, haverá oficina de acrobacia gratuita – as inscrições já foram encerradas.

Em quase duas décadas, essa é a menor edição do evento. Em vez de ficar no chororô do corte de patrocínio, as organizadoras Fernanda Vidigal e Juliana Sevaybricker, da Agentz, preferiram colocar a mão na massa. “Estamos aí e ele vai acontecer. A mudança de rumo da política cultural estadual e nacional influenciou diretamente a captação de recursos (via leis de incentivo). Sentimos até uma inércia em relação a patrocinadores tradicionais. Mas o festival tem um calendário, já tínhamos agenda firmada com alguns artistas, não poderíamos ficar protelando muito”, afirma Fernanda.

O primeiro fim de semana apresentará mostra de cenas circenses, algo que o festival vem realizando em suas edições mais recentes.
Por meio de chamamento público, cerca de 70 propostas foram enviadas. “O circo tem uma particularidade: muitos artistas têm números, mas não um espetáculo inteiro”, explica Fernanda.

Quatro números foram selecionados: três brasileiros (Parada de mão, com o equilibrista Helder Vilela; Duavesso, com os acrobatas Pedro Sartori e Philippe Ribeiro; e Teoria de tudo, com Júlia Henning, que transita entre o circo e a dança) e um argentino (Abrna, de força capilar, cena da Cia. Garúa com Ile Pastorino e Pablo Zuccolo).

Costurando as cenas há o chamado entreato, a cargo de artistas convidadas: grupo de percussionistas (Chaya Vazquez, Isabela Leite, Hadassa Amaral, Analu Braga e Samantha Rennó), DJ (Black Josie), dançarina de rua (Silvia Kamyla) e poeta de slam (Pieta).





SEM PALHAÇOS Chico Pelúcio, ator e diretor do Galpão, dirige a mostra de cenas. “A ideia é dar unidade às cenas para que não seja algo muito fragmentado. As selecionadas são bem diferentes e com nível alto de execução. Mas não há palhaços, por exemplo. Colocamos um pouco de poesia e dança para não fugir muito da linguagem do circo”, comenta Pelúcio.

No segundo fim de semana do festival será apresentado o espetáculo Portmanteau, com os artistas Mira Ravald e Luis Sartori do Vale.
A montagem é finlandesa – o mineiro Sartori vive há alguns anos no país europeu. Malabarista, ele trabalha também com artes visuais. “Seus espetáculos, geralmente, são muito plásticos”, comenta Fernanda.

Portmanteau é a mistura linguística de palavras – partes de vocábulos e seus significados são combinados em uma nova palavra. O espetáculo mescla circo, dança, música ao vivo e artes visuais.

19º FESTIVAL MUNDIAL DE CIRCO
De sábado (24) a 1º de setembro. Galpão Cine Horto – Rua Pitangui, 3.613, Horto. R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada). Informações: www.festivalmundialdecirco.com.br.


PROGRAME-SE

» CENAS CIRCENSES
Sábado (24), às 21h, e domingo (25), às 19h

PARADA DE MÃO
Com Helder Vilela. Transitando entre o circo tradicional e o contemporâneo, o artista apresenta um número de equilibrismo.

DUAVESSO
Com Pedro Sartori e Philippe Ribeiro.
Dois acrobatas interagem entre si com deslocamentos e performances em planos verticais. A dupla executa movimentos de queda, jogando com o risco da altura.

ABRNA
Com Ile Pastorino e Pablo Zuccolo. Com passagens pelo Cirque du Soleil e Han Show Theater, na China, a dupla apresenta um número de força capital – grosso modo, pendurada pelos cabelos.

TEORIA DE TUDO
Com Júlia Henning. Como se comunicar a partir do corpo? Por meio de texto e trabalho corporal, a artista leva para a cena coisas que estão ao seu redor.

» PORTMANTEAU
Dia 31, às 21h, e 1º de setembro, às 19h

Espetáculo combina circo, dança, música ao vivo e artes visuais. Antigos retroprojetores exibem imagens criadas a mão, acompanhadas pelo som de contrabaixo. Nesse cenário, Mira Ravald e Luis Sartori do Vale, de forma poética, apresentam suas habilidades técnicas.
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