Boa noite outra vez (Netflix) lembra aqueles recantos que teimam em sobreviver em Minas. Estradas de ferro, pontilhões, rios, montanhas lindas (mas degradadas) e cidadezinhas pacatas de Taiwan nos soam familiares, assim como a prosa de Dai Jia He (Bo Zheng Chen), um guarda ferroviário humilde, cheio de sabedoria.
Quando ele morre do coração, a filha adotiva, Dai Tian Qing (Cindy Lien) – que foi abandonada pequenina num banco da estação – , e Cheng Nuo (Nicholas Teo) – salvo da morte, ainda garoto, por Jia He – decidem fazer a viagem que o velho guarda não conseguiu completar, interrompida por um ataque cardíaco em pleno trem.
Os dois seguem a trilha das lembranças de Jia He. Querem homenagear o homem que mudou o destino deles. Com base no mapa e no diário de Jia, a dupla percorre o interior de Taiwan. Nessa jornada de autoconhecimento, um e outro enfrentam o desafio de se acertar com o passado. Boa noite outra vez tem lá suas doses de autoajuda.
Nesse delicado melodrama, o jeitão do falecido guarda lembra aqueles tios boa-praça que nos acolhiam nas férias no interior. Aliás, até caldo de galinha ele faz para animar o tristonho Cheng Nuo. Quer coisa mais mineira?