A Festa Literária Internacional da Mantiqueira (Flima), que começou nesta sexta-feira (23) e prossegue até amanhã (25) na cidade de Santo Antônio do Pinhal, no interior de São Paulo, homenageia o contista e romancista mineiro de Ituiutaba Luiz Vilela, de 76 anos, autor de O filho de Machado de Assis e Você verá, entre outros. O homenageado participa neste sábado (24) de uma conversa com o escritor Daniel Benevides sobre sua obra. O espetáculo Chuva, composto por cinco esquetes baseados em contos de Vilela, apresentados pela Companhia Tábula Rasa, com direção de Felipe Vasconcelos, estava previsto para ontem.
Para a mesa de abertura do evento foi escolhido o tema da crise das grandes livrarias, num debate entre Pedro Almeida, curador do Prêmio Jabuti; Cassiano Elek Machado, diretor editorial do Grupo Planeta; Raquel Menezes, presidente da Libre; e Leonardo Neto, editor do site PublishNews. As biografias são o tema de debate entre Josélia Aguiar, diretora da Biblioteca Mário de Andrade e biógrafa de Jorge Amado, e Mário Magalhães, autor da biografia de Marighella que inspirou o filme sobre o guerrilheiro dirigido por Wagner Moura, ainda inédito no circuito comercial brasileiro.
Também hoje, dois eventos homenageiam a obra da escritora Ana Maria Machado, por seus 50 anos de carreira, e de Luiz Ruffato. Outra mesa conta com a participação de jovens autores que despontam como vozes da autoficção, como os brasileiros Aline Bei (vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura de 2018 com O peso do pássaro morto) e Tiago Ferro (autor de O Pai da menina morta), a uruguaia Gabriela Aguerre (de O quarto branco) e a cubana Idalia Morejón Arnaiz (de Cuaderno de vías paralelas).
Além da programação principal, haverá eventos paralelos, como a Fli+, que oferece 23 oficinas, palestras e debates gratuitos sobre autopublicação, quadrinhos, teatro, poesia, ciência, artes visuais, romances históricos e jornalismo literário. O Espaço Mantiqueira será palco de apresentações musicais; a Praça recebe 10 shows e peças de teatro; a Fliminha oferece contação de histórias, leitura e atividades infantis; e a Flimambiental conta com intervenções artísticas e iniciativas ambientais.
"A Flima surgiu para preencher a lacuna deixada com o repentino fim do festival que foi realizado por oito anos em São Francisco Xavier", afirma o idealizador do evento, Roberto Guimarães, referindo-se ao Festival da Mantiqueira, encerrado pelo governo do estado de São Paulo em 2016. "Como ainda não temos patrocínio de empresas nem utilizamos leis de incentivo, o evento é viabilizado com trabalho voluntário e a contribuição financeira de dezenas de pessoas."
Para organizar a Flima 2019, Guimarães levantou R$ 20 mil por meio de um financiamento coletivo. Desde que a iniciativa voltou a ocorrer, ele diz que "novos eventos surgiram na região e outros devem ser anunciados nos próximos meses e isso é muito positivo, pois o mais importante é fortalecer a cena literária como um todo."