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Estado de Minas

Festival de Veneza tem palmas a Brad Pitt e polêmica com Polanski

Ator americano é elogiado pelo papel de astronauta em busca do pai em 'Ad Astra', e presidente do júri se recusa a ver filme do cineasta franco-polonês, condenado por estupro


02/09/2019 04:00

O ator definiu o papel do astronauta Roy McBride em Ad Astra como o maior desafio de sua carreira(foto: VINCENZO PINTO/AFP)
O ator definiu o papel do astronauta Roy McBride em Ad Astra como o maior desafio de sua carreira (foto: VINCENZO PINTO/AFP)


Brad Pitt está tendo um grande ano. Depois de apresentar Era uma vez em... Hollywood, de Quentin Tarantino, no Festival de Cannes, em maio, o ator colheu elogios da crítica e até especulações de um provável Oscar por sua interpretação do protagonista de Ad Astra, longa de James Gray exibido no Festival de Veneza.

"Foi o maior desafio de toda a minha carreira", disse Pitt, na coletiva de imprensa sobre o filme, do qual é também coprodutor. Ele definiu o longa como um filme delicado, que fala da "masculinidade", mas também da "dor" e da "vergonha", barreiras que os homens costumam negar.

Aos 55 anos, o ator vive um homem maduro, com uma condição próxima do autismo – um personagem enigmático, cujas olheiras e rugas ficam em evidência graças aos abundantes planos fechados.

Mais do que um uma ficção científica ou uma nova versão de 2001 - Uma odisseia no espaço, por seus efeitos especiais, o longa de Gray (Z: A cidade perdida) trata de sentimentos. "Foi um trabalho duro. Desde o início, você questiona por que estamos no mundo, sobre a vida e a morte", afirmou Pitt, que interpreta o astronauta Roy McBride.

Ele parte numa viagem pelo espaço em busca de seu pai, que desapareceu durante uma missão a Netuno, 20 anos antes. A jornada é, antes de tudo, um encontro com ele mesmo e com seus fantasmas. "Foi um esforço de equilíbrio para manter o estilo sutil e delicado", resumiu o ator, que elogiou o trabalho do diretor.

O imenso espaço resulta em um lugar hostil e sombrio e também um pretexto para uma travessia interior, uma busca do pai. "Quis contar uma pequena história no meio do imenso cosmos", disse Gray, que se inspirou em O coração das trevas, de Joseph Conrad, e Moby Dick, de Herman Melville. Ad Astra é um dos 21 títulos em competição pelo Leão de Ouro no 76º Festival de Veneza, que termina no próximo dia 7.

POLÊMICA

O início da mostra italiana, na última quarta (28), foi marcado por polêmica. "A presença (na competição do diretor Roman) Polanski com notícias do passado me incomoda muito", afirmou a cineasta argentina Lucrecia Martel, presidente do júri. Martel anunciou que não iria à sessão de gala do filme, em razão da condenação de Polanski pelo estupro de uma garota de 13 anos, na década de 1970, nos Estados Unidos.   "Represento muitas mulheres que lutam na Argentina por questões como essa. Não quero me levantar e aplaudir", disse a diretora de Zama (2017). "Vi que a vítima considera o caso encerrado, não nega os fatos, mas acredita que Polanski já cumpriu o que ela e sua família pediram", acrescentou Martel. "Se a vítima se sente compensada, o que vamos fazer? Executá-lo? Negar a ele estar no festival? Colocá-lo fora de competição para proteger o festival? Essas são conversas pendentes do nosso tempo. Tirar ou incluir Polanski nos obriga a conversar. Não é algo simples de resolver", afirmou a argentina. O franco-polonês Polanski está na competição com J'accuse (Eu acuso), sobre o caso Dreyfus, o escândalo antissemita que eclodiu na França em 1894, com a falsa acusação de espionagem e o julgamento injusto do oficial do Exército francês de origem judaica Alfred Dreyfus. Polanski não compareceu à estreia nem à entrevista coletiva sobre o filme, cujos produtores cogitaram sua retirada da competição, após as declarações de Martel.

Alberto Barbera, diretor do Festival de Veneza, classificou J'accuse como uma "obra-prima". "Não sou um juiz que deve se expressar, com base em critérios e princípios da Justiça, se ele deve ir ou não para a prisão. Sou um crítico de cinema que deve decidir se um filme merece ou não participar de uma competição. Foi o que fiz. Meu trabalho termina aí." (AFP)


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