Quando se fala em Independência do Brasil, a figura mais lembrada é a do imperador Dom Pedro I. Poucos se dão conta de que a imperatriz Leopoldina teve um papel primordial nesse momento histórico. Como o marido estava em viagem para São Paulo, onde deu o famoso Grito do Ipiranga, era ela quem ocupava a regência do Brasil naquela data.
Despachando em lugar do imperador, ela convocou em sessão extraordinária o Conselho de Estado no dia 2 de setembro, no Palácio de São Cristóvão, residência da família imperial, no Rio de Janeiro, e decidiu, junto com os ministros, pela separação definitiva entre o Brasil e Portugal. Em outras palavras: a independência brasileira foi proclamada, no papel, pela princesa Leopoldina, cinco dias antes de Dom Pedro dar seu “brado retumbante”.
É nesse contexto que se desenvolve a trama de Leopoldina, independência e morte, espetáculo que estreia nesta quinta-feira (12) e fica em cartaz até o próximo dia 30, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), na Praça da Liberdade.
“Confesso que não sabia dessa importância da Leopoldina. Era uma personagem desconhecida para mim. Passei pela escola e não me interessei pelo assunto, até porque, ali, a história era ensinada de uma forma muito mastigada”, afirma a atriz Fabiana Gugli, intérprete da protagonista.
A atriz se aproximou de sua personagem há dois anos num evento em comemoração ao 7 de Setembro, realizado nos jardins do Museu do Ipiranga, em São Paulo. O experimento cênico foi o embrião da peça.
“Foi muito bacana realizar esse projeto tendo o museu, um espaço tão icônico, como cenário. Venho de um teatro experimental, de vanguarda, trabalhei com Gerald Thomas. Nunca tinha feito uma personagem histórica e tão importante como a Leopoldina”, diz.
Com texto e direção de Marcos Damigo, a montagem teve consultoria histórica do pesquisador Paulo Rezzutti, autor da biografia Leopoldina – A mulher que arquitetou a Independência do Brasil. Fabiana diz que leu o livro e procurou aprofundar seus conhecimentos sobre a imperatriz pesquisando também documentos e cartas da época. “A cada dia vou descobrindo coisas novas e ressignificando as coisas. É impressionante como a história dela é mal contada. Quanto mais estudo, mas me interesso pela Leopoldina. Ela é fascinante.”
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A mãe de Dom Pedro II morreu aos 29 anos, após sofrer um aborto e ter uma infecção generalizada. “A peça mistura o plano político com a vida pessoal. A gente costuma dizer que Leopoldina viveu 50 anos em 10, de tanta coisa que aconteceu com ela, mesmo em pouco tempo de vida”, diz Fabiana.
LEOPOLDINA, INDEPENDÊNCIA E MORTE
Texto e direção: Marcos Damigo. Com Fabiana Gugli e Plínio Soares. E Ana Eliza Colomar (flauta e violoncelo). Em cartaz desta quinta (12) a segunda (30/9), no Teatro I do Centro Cultural Banco do Brasil (Praça da Liberdade, 450, Funcionários), às 20h. Sessões duplas nos dias 16, 20, 23, 27 e 30 de setembro, às 15h e 20h. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), à venda na bilheteria do teatro e no site www.eventim.com.br. Classificação: 12 anos.
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