Jornal Estado de Minas

MÚSICA

Conheça o 'tropical wave' do compositor pernambucano Romero Ferro





O cantor e compositor pernambucano Romero Ferro exibe nova fase em Ferro, seu segundo álbum. Cores cítricas, figurinos e efeitos de luz néon – destaques do encarte assinado por Tomaz Alencar e Lana Pinho – remetem à new wave da década de 1980, um dos alicerces da sonoridade desse projeto, que vem mesclada ao brega. Proposta diferente do outro trabalho do artista, Arsênico (2016). Disponível nas plataformas digitais, o disco vai ganhar versão física até o fim do ano.

Fã de Cazuza, Romero imprime caráter libertário ao seu novo disco. O corpo e o prazer, a dor e o amor são bandeiras dele. Com pegada eletrônica e dançante, cada faixa passeia por um estilo – funk, rock, R&B, axé music, tecnopop, reggaeton, bolero, house, tecnomelody, funk, pagode e trap.

É o tropical wave de Romero, termo que ele prefere cunhar ao que ficou conhecido como "brega wave". As referências vêm de David Bowie, Kraftwerk, Depeche Mode, Reginaldo Rossi, Ritchie e Zezé di Camargo & Luciano.

Depois de superar um certo desdém por não seguir tradições musicais pernambucanas, Romero agora canta melhor, está mais seguro. Ele compôs todas as faixas de seu projeto colaborativo.
A produção é de Leo D., tecladista da banda Mundo Livre S.A., também responsável pela mixagem e masterização. A direção artística é assinada pelo DJ e produtor Patricktor4.

"Do primeiro disco para o atual, é um Romero muito diferente. Passamos por constante amadurecimento, tanto no âmbito pessoal como profissional, e meu trabalho acompanha esse processo. É a união entre elementos regionais brasileiros e o tom eletrônico", diz Romero Ferro, de 28 anos, que iniciou a carreira aos 23.

SERTANEJO

São 10 faixas, incluindo a nova versão de Você vai ver, de Elias Muniz e Carlos Colla, sucesso de Zezé di Camargo & Luciano. Em nove canções inéditas, Romero é parceiro dos conterrâneos Barro, Duda Beat e Leo D., e do paraense Felipe Cordeiro. Ele divide os vocais com Otto, a cantora trans Mel e o rapper gay baiano Hiran.

O álbum foi apresentado em pílulas, com quatro singles e videoclipes – Pra te conquistar e Acabar a brincadeira, em 2018; Corpo em brasa e Tolerância zero, este ano. Pra te conquistar sedimentou o caminho, enquanto Acabar a brincadeira mergulha no brega, com refrão marcante.
“Corpo em brasa tem um pé na música latina, com influência do reggaeton. Já Tolerância zero é um brega protesto", descreve Romero.

As letras abordam a ostentação, a mentira e a superficialidade da comunicação visual propagada nas redes sociais (Fake), o fingimento na relação entre homens (a abolerada Quando ele perguntar por mim), a ignorância sobre o que foge dos padrões nas relações amorosas (Tolerância zero). Love por você é um ijexá pop com cara de carnaval baiano.

Crescido em família tradicional de Garanhuns, no interior de Pernambuco, Romero conta que teve uma criação severa. "A música ajudou em meu crescimento e o disco é fruto disso. Estou mais livre para falar as coisas sem medo. A principal mensagem que fica é a liberdade de ser quem se é, de amar quem se quiser amar", afirma.

FERRO
• De Romero Ferro
•  Independente
• 10 faixas
• Disponível nas plataformas digitais
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