Um novo espaço cultural começa a ganhar corpo em Belo Horizonte. Está prevista para dezembro a abertura do Teatro Feluma, que está com as obras a todo vapor no sétimo andar da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCM-MG).
A iniciativa é da Fundação Educacional Lucas Machado (Feluma) e foi detalhada em apresentação na manhã destea segunda (30). A planta contempla a Sala Geraldo Magela Gomes da Cruz, feita para sediar espetáculos teatrais, musicais e de dança, além de sala para ensaios (de 60 metros quadrados), cafeteria e um grande hall, com duas galerias, para receber exposições artísticas e lançamentos literários. São 410 lugares, incluindo poltronas para cadeirantes, obesos e pessoas com mobilidade reduzida.
O investimento total é de mais de R$ 10 milhões, segundo os organizadores do empreendimento."O diferencial desse teatro é que não vamos cobrar nenhum centavo de aluguel para todo e qualquer ator ou iniciativa mineira nas áreas da arte e da cultura", afirma Wagner Eduardo Ferreira, presidente da Feluma, mantenedora da FCM-MG.
Ele conta que também serão reservados na plateia lugares especialmente voltados a alunos do ProUni. "Para um profissional de saúde, que lida com o ser humano, não ter aprofundada a cultura e a arte o torna um pouco menos adequado para exercer essa função. A emoção sobre a arte e a cultura faz com que tenha emoção em cuidar das pessoas. Esse teatro é um presente para Belo Horizonte", diz.
"Existe uma corrente de pensamento que fala o seguinte: o médico que só sabe medicina nem medicina sabe. Acreditamos que a formação cultural é tão importante quanto a formação técnica %u2013 separá-las é um erro"
Jair Raso, professor de medicina e curador do Teatro Feluma
A curadoria fica a cargo do neurocirurgião Jair Raso, que, além de lecionar na faculdade, exerce também as atividades de escritor, dramaturgo e diretor teatral. Ele é autor de Chico Rosa, Três mães, A corda e o livro, Julia e a memória do futuro e DDD: deleite depois delete. Raso frisa que a intenção da Feluma é oferecer para as artes cênicas de Minas Gerais não só um espaço para ser ocupado pelas produções, mas também fomentar seu desenvolvimento.
Uma das ideias é criar um curso livre de teatro, tendo como público-alvo os alunos da faculdade. "Existe uma corrente de pensamento que fala o seguinte: o médico que só sabe medicina nem medicina sabe. Acreditamos que a formação cultural é tão importante quanto a formação técnica – separá-las é um erro. A concepção do teatro é também uma maneira de mostrar ao aluno que sua formação para lidar com o indivíduo tem que ser completa – além de técnica, humana. E escolhemos a arte cênica para essa abordagem", diz Raso.
SURPRESA
Para o presidente do Sindicato dos Produtores de Artes Cênicas de Minas Gerais (Sinparc), Rômulo Duque, o anúncio deve ser comemorado. "É uma surpresa muito gratificante ter um teatro que traz o que a gente precisa. Só há o que aplaudir", diz. Segundo Duque, o Teatro Feluma deve receber peças da próxima Campanha de Popularização do Teatro e da Dança.
"O novo espaço reflete nosso desejo de sempre fazer mais pelo teatro e fortalecer a produção local", afirma. A inauguração será com a peça O palco iluminado, do dramaturgo Rogério Falabella, com direção de Jair Raso.
Trata-se da história de um ator e um diretor que se reencontram cinco anos depois de ter um desentendimento. A trama trata de momentos da vida pessoal, mas também fala muito do universo profissional na área do entrete- nimento. "Nos países desenvolvidos, todas as universidades têm teatro, cursos de teatro. Eles sabem que esse é um complemento da educação. Aqui, estamos caminhando para isso. Fico muito feliz de participar desse momento", afirma Falabella.
O diretor Pedro Paulo Cava, que comanda o Teatro da Cidade, na Região Central, saudou a chegada da nova casa. "Qualquer espaço que abra as portas para o exercício da arte é fundamental. Parabenizo a faculdade e a Feluma. Torço para dar certo." O teatro está em fase final de construção. O projeto e a execução têm assinatura da arquiteta Ana Machado e da engenheira Cristina Resende. Compreende um grande foyer, distribuído entre área coberta e um terraço externo, além dos recintos para apresentações.
Na concepção, sistema tecnológico de áudio e vídeo, com três projetores a laser e automação; streaming e captura de áudio e vídeos para transmissões; tradução simultânea; iluminação cênica; tratamento acústico; palco com 14 metros de boca de cena e preparado para diferentes perfis de espetáculos; sala para ensaios; sala de imprensa; bilheteria; hall estruturado para exposições, mostras e coquetéis; camarim; estacionamento com acesso direto ao teatro e soluções de acessibilidade.