O antropólogo e educador mineiro Darcy Ribeiro (1922-1997) e a trajetória do povo brasileiro vão nortear, desta quarta (2) a sábado (5) os debates, oficinas, cursos, bate-papo com autores e lançamentos do Festival de História de Diamantina (fHist).
A quinta edição do evento ganhou nova sede – o antigo cinema da cidade histórica, na Rua Direita – e vai mesclar atividades gratuitas e pagas. “A construção da temática foi um processo coletivo. É um tema que foi amadurecendo e vai possibilitar a reflexão e a exaltação dessa diversidade da formação histórica e cultural do nosso povo”, afirma o jornalista Américo Antunes, coordenador do festival.
As matrizes indígena, africana e europeia, a miscigenação sui generis da nossa sociedade e outros temas pesquisados por Darcy serão debatidos ao longo desses dias. As 10 mesas de debate do fHist giram em torno do processo de formação do povo brasileiro, abordando temas como “Visões do passado: migrações pré-colombianas”; “Brasil indígena”; “História da escravidão”; “Brasil das mulheres”; “Imagem e a representação do povo negro na história”, e “DNA das migrações na história da alimentação no Brasil”.
Laurentino Gomes, jornalista e autor da trilogia 1808, sobre a chegada da corte portuguesa ao Rio de Janeiro; 1822, sobre a Independência do Brasil, e 1889, que aborda a Proclamação da República, estará na terra de JK e Chica da Silva pela primeira vez para lançar e discutir a sua nova trilogia, focada na escravidão, cujo primeiro volume foi lançado recentemente.
“Um dos destaques é a questão da mulher. A historiadora e especialista em temas da sociedade Mary Del Priore estará na mesa ‘O Brasil das mulheres’. Outro gancho forte é a culinária, que é resultado também de toda essa mistura. A gente está fazendo um pout pourri dessas variadas facetas da formação do povo brasileiro”, diz Antunes.
O evento conta ainda com os historiadores Daniel Aarão Reis, Bruno Leal, Antônio Carlos de Souza Lima, Roberto Araújo e Icles Rodrigues; os líderes indígenas Marcos Terena e Ayra Tupinambá; os jornalistas Adriana Negreiros e Chico Oliveira; o arqueólogo André Strauss; o geneticista Fabrício Santos e o fotógrafo Eustáquio Neves.
ABERTURA
A conferência de abertura “Darcy Ribeiro: um homem de causa” contará com a presença do jornalista e tradutor Eric Nepomuceno, do sobrinho do homenageado Paulo Ribeiro, que é secretário municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Montes Claros e ex-presidente da Fundação Darcy Ribeiro, além do antropólogo, professor André Borges Mattos, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e autor da tese Darcy Ribeiro: uma trajetória (1944- 1982).Pela primeira vez, o fHist contará com um evento acadêmico que apresentará produções de pesquisas historiográficas a um público mais amplo. Organizado em conjunto com o curso de história da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), o 1º Seminário Nacional do fHist apresentará trabalhos acadêmicos que dialogam com o eixo temático “Histórias do povo brasileiro”.
“O foco do fHist sempre foi uma democratização da história, que todos tivessem acesso. Mas muita gente sentia falta de um espaço voltado mais para a academia. Então vai ocorrer durante dois dias esse seminário no Teatro Municipal Santa Izabel”, informa o coordenador do evento.
O Festival de História também traz uma programação cultural, com exposições na Casa de Chica da Silva e no Museu do Diamante e shows, como o de Flávio Renegado e Quarteto Masai, que vai contar com a participação especial de Marina Machado e Telo Borges.
“Mesmo com a dificuldade de se organizar eventos no Brasil atualmente, a gente conseguiu se superar e fazer uma das maiores e melhores edições de toda a trajetória do fHist. A programação está diversificada, com convidados de renome nacional, e vem realmente celebrar o que temos de melhor, que é o nosso povo”, diz Antunes.
Em 2019, Diamantina comemora 20 anos como patrimônio da humanidade. A efeméride está sendo lembrada pelo fHist. Em parceria com a prefeitura da cidade, o evento promove um concurso de desenho e produção escrita voltado aos alunos da rede de ensino fundamental e médio da cidade. Os trabalhos que oferecerem as melhores respostas à pergunta “Por que Diamantina é patrimônio cultural da humanidade?” serão premiados durante o festival.
5º Festival de História de Diamantina (fHist) – Histórias do povo brasileiro
De quarta (2) a sábado (5). Inscrições para mesas de debates e conferências abertas – estudantes: R$ 30; professores: R$ 60; demais públicos: R$ 100. Minicursos, oficinas, lançamentos com prosa, exposições e espetáculos terão entrada gratuita, condicionada à capacidade dos espaços. Mais informações e programação completa no site do festival.