Poder e violência, assuntos que nunca deixam a ordem do dia, movem Tragédia, primeiro espetáculo do Grupo Quatroloscinco dirigido por um convidado. No caso, o diretor e cineasta Ricardo Alves Jr. “Nos nossos processos de criação, sempre levamos para a mesa de discussão algo que estamos vivendo hoje, tanto no sentido macropolítico quanto no de nossas próprias vidas”, afirma o ator Assis Benevenuto, que divide com Marcos Coletta a dramaturgia.
No início do processo, o grupo estudou bastante a obra do filósofo coreano Byung-Chul Han, em especial o livro Topologia da violência. Foi a partir dessas leituras que atores e diretor chegaram ao tema da tragédia. Na montagem, a base é Antígona, de Sófocles.
A ação se passa em torno de uma mesa de sinuca. “Antígona quer enterrar o irmão e, para tal, tem que enfrentar o poder”, comenta Alves Jr. Na situação, três pessoas estão num bar. “A partir desse jogo, a dramaturgia se abre para questionamentos, chegando até a tragédia grega”, continua o diretor. Um quarto personagem entra em cena ao longo da montagem.
Para os integrantes do Quatroloscinco, interessava a maneira cinematográfica com que Alves Jr. trata o teatro. Tanto que, durante o espetáculo, eles próprios se filmam e projetam em cena em tempo real. “O resultado dessa filmagem corresponde a outro tempo, que é o tempo da tragédia”, diz Benevenuto.
Tragédia cumprirá temporada até 25 deste mês na Funarte. Já em novembro (6, 8 e 9), o Quatroloscinco leva para o Francisco Nunes, com apresentações gratuitas, sua montagem de estreia, É só uma formalidade, que está completando uma década.
Tragédia
Montagem do Grupo Quatroloscinco, com direção de Ricardo Alves Jr. Na Funarte –Rua Januária, 68, Centro. Temporada desta sexta-feira (11) a 25 de outubro, às 20h30 (apresentações de quarta a domingo). Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia).
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