Publicada em 2005, Paixão Pagu é uma carta em forma de diário escrita em 1940 por Patrícia Galvão (1910-1962), a Pagu, ao seu segundo marido, Geraldo Ferraz. Descrito como uma “carta-confissão”, o texto serviu de base para o monólogo Os olhos moles de Pagu, em que Kalluh Araújo dirige a atriz Ana Gusmão – o diretor também assina texto, cenário, figurino e iluminação.
“Sempre tive curiosidade sobre ela. Mas sempre escutamos falar de Pagu no Modernismo, sua atividade política. Nunca havia me debruçado sobre ela de forma consistente”, comenta a atriz. Ao descobrir a escrita autobiográfica, diretor e atriz encontraram ali a personagem que lhes interessava.
“Na carta, ela desconstrói uma série de coisas. Mostra-se uma mulher sozinha, extremamente frágil, que tinha uma visão muito crítica sobre a vida e sobre ela mesma. A sensação que tive é de que ela foi um espírito que já nasceu velho”, afirma Ana.
De acordo com a atriz, a carta apresenta outras nuances sobre a sua relação com Oswald de Andrade, seu primeiro marido, e também com o Partido Comunista. “Várias questões vão sendo esclarecidas e há uma diferença grande entre a personagem que foi criada e o que ela viveu.”
Musa do Modernismo ainda na adolescência, Pagu foi ativa militante comunista – primeira mulher presa por motivos políticos no Brasil, foi detida 23 vezes ao longo da vida. Escritora, desenhista, tradutora e diretora de teatro, é autora de Parque industrial (1933). A obra, publicada sob o pseudônimo de Mara Lobo, é considerada o primeiro romance proletário da literatura brasileira.
Os olhos moles de Pagu
Monólogo com Ana Gusmão. Direção: Kalluh Araújo. Teatro de Bolso do Sesc Palladium –Avenida Augusto de Lima, 420, Centro). Sexta (11) e sábado (12), às 20h; domingo (13), às 18h; dia 19 (20h); dia 20 (18h); dia 26 (20h) e dia 27 (18h). Ingressos: R$ 30, R$ 15 (meia) e R$ 12 (associados do Sesc).
.