Jornal Estado de Minas

ARTES VISUAIS

Associação tenta barrar na Justiça empréstimo de obra de Da Vinci

A 'Mona Lisa' voltou neste mês ao seu lugar habitual no Louvre, após reforma da sala - Foto: Eric FEFERBERG/AFP

O tribunal administrativo regional de Veneto, na Itália, deve se manifestar nesta quarta-feira (16) sobre a ação que a associação Italia Nostra, de defesa do patrimônio, moveu para tentar impedir o empréstimo ao Louvre, em Paris, da obra o Homem vitruviano, de Leonardo da Vinci. Segundo a associação, o empréstimo constituiria uma violação do código de propriedade cultural do país.


Ao ingressar com a ação, a Italia Nostra obteve, no último dia 8, a suspensão da autorização de saída da obra do país. De acordo com o argumento apresentado, a saída da obra feriria o ponto do código de propriedade cultural que veta a saída “do território dos bens que constituem as principais atrações de uma seção específica” de um museu, galeria de arte, biblioteca, coleção de arte ou bibliográfica.

Simultaneamente, o tribunal regional também suspendeu o acordo firmado em Paris, no final de setembro, entre o ministério italiano da Cultura e o Museu do Louvre para o intercâmbio de obras de Leonardo da Vinci e do pintor Rafael (Sanzio).

Em virtude desse acordo, cinco obras de Rafael, duas pinturas e três desenhos, assim como dois estudos de desenho de Giovanni Francesco Penni, todos eles atualmente no Louvre, seriam emprestados à Itália para a exposição Rafael, que será aberta em março de 2020, no Palácio Quirinal, em Roma.

O governo italiano anterior, no qual a Liga Matteo Salvini tinha um peso preponderante, não era a favor de emprestar as obras nem apoiava a megaexposição que o Louvre prepara, no ano dos 500 anos da morte de Leonardo Da Vinci (1452-1519), com abertura prevista para o próximo dia 24. O mestre renascentista italiano viveu seus últimos três anos na França. O Ministério da Cultura italiano classificou como “incompreensível” a decisão do preliminar do tribunal.

Mona Lisa de volta

 
A Mona Lisa retornou ao seu espaço no Louvre, na semana passada, depois que a sala onde o quadro é exposto habitualmente passou por reformas para conseguir receber de modo mais eficiente o grande fluxo de visitantes do museu. Após dois meses de obras, a célebre pintura de Leonardo da Vinci foi transferida da Galeria Medicis para a Sala dos Estados, diante do maior quadro do museu, As bodas de Caná, de Veronese. Um novo vidro de proteção, mais transparente, também foi inaugurado.
As obras melhoraram a iluminação e alteraram o circuito de circulação dos visitantes, entre outras modificações. A Mona Lisa é o símbolo do maior museu do mundo e alguns diretores do centro cultural chegam a lamentar que parte dos turistas se interesse somente por essa obra durante suas visitas. Em 2018, o Louvre recebeu 10,2 milhões de visitantes.

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