Criada debaixo das asas da protagonista de Malévola (Angelina Jolie), a jovem e acanhada Aurora (Elle Fanning), involuntariamente, vai desencadear o choque que movimenta a trama de Malévola – Dona do mal, em cartaz desde a última quinta (17) nos cinemas.
O longa foi lançado cinco anos depois de o primeiro título arrecadar, em escala mundial, bilheteria superior a US$ 760 milhões (R$ 3,1 bilhões). Na continuação, a humana Aurora, ante possível casamento, ouve da futura sogra (papel de Michelle Pfeiffer) frase que ameaça colocar em colapso a política de boa vizinhança de reinados: “De agora em diante, considero Aurora como uma assumida das minhas (propriedades)”.
Sucesso nas mãos do à época diretor estreante Robert Stromberg, Malévola se tornou a oitava maior bilheteria no mercado de cinema dos Estados Unidos, em 2014. Daí a expectativa pela sequência, cuja direção desta vez ficou com o norueguês Joachim Ronning, um dos codiretores da aventura Piratas do Caribe – A vingança de Salazar (2017) e responsável por dois episódios da série Marco Polo. A rainha Ingrith (Pfeiffer) se constitui como ameaça e ainda elemento de atrito na convivência entre Aurora e Malévola, ambas sempre inseguras quanto aos laços maternais que estabeleceram.
Na nova trama, o ator Brenton Thwaites, que deu vida ao príncipe Phillip no filme de 2014, cede o personagem de galã para Harris Dickinson (do alternativo Ratos de praia). Pai do pretendente de Aurora, John (Robert Lindsay) vê, sem nenhum espanto, a conjuntura de traição armada por Ingrith. Um plano para a destruição de fadas está em curso.
Com data definida e inserido no enredo sob efeito de espécie de bomba-relógio, o casamento, a ser consumado em três dias, obriga Malévola, incapaz de ter traquejo social, ao contato com o grupo que tanto despreza: os humanos. Angelina Jolie cerca a relação com a enteada com doses de humor cortante e, claro, pontadas de maldade.
REFORÇO
O jogo de perversão e a disputa pela coroação de presença mais maquiavélica contrapõem Ingrith e Malévola. A protagonista ganhará reforço no páreo com a entrada de uma liderança de deserdados que vivem na floresta: uma entidade chamada Conall (Chiwetel Ejiofor). Muitas mudanças povoam, portanto, o filme, que vem apoiado pelo roteiro da animação da Disney de 1959 e que derivava de texto clássico assinado por Charles Perrault, criador de A bela adormecida.
Até um desfecho que acopla uma batalha épica entre reinados, o roteiro de Linda Woolverton (O Rei Leão), feito com a colaboração de Micah Fitzerman-Blue e Noah Harpster (Transparent), encampa temas como tolerância, as dificuldades de crescer (e consequentemente assumir as rédeas da vida), além de desenvolver um embate entre a esperança diante de situações de medo.
Malévola – Dona do mal traz na torcida pela felicidade de Aurora as presenças das fadas interpretadas por Juno Temple, Imelda Staunton e Lesley Manville, já vistas no primeiro filme. Criaturas selvagens criadas em computação gráfica também estão presentes. Uma mudança a ser sentida é a troca da figurinista veterana Anna B. Sheppard (Bastardos inglórios, A lista de Schindler) por Ellen Mirojnick (O rei do show, Minha vida com Liberace).