Tema recorrente em filmes, séries e livros, a máfia ganha contornos diferentes em McMafia, série da BBC em cartaz no canal AXN. Dirigida por James Watkins (Black mirror) e com Caio Blat no elenco, a produção é baseada em uma investigação jornalística e narra o fenômeno de globalização das organizações criminosas.
Na história, Alex Godman (James Nortan) é um jovem banqueiro promissor. De família russa, mas criado na Inglaterra, leva uma vida confortável: formado em Harvard, tem seu próprio negócio, uma namorada que ama e planos para o futuro. Sua família, no entanto, é totalmente envolvida com o mundo das máfias na Rússia. E seu tio, Boris, é assassinado por inimigos na sua frente.
A partir daí, Alex não consegue escapar do destino. De um favor em outro, acaba procurado por players perigosos. O mexicano Antonio Mendez, interpretado por Caio Blat, é um deles.
“Antonio Mendez é uma incógnita. Ele não tem nada de mafioso no sentido clássico”, explica Blat. “Mora em uma casa na beira do mar, com muitos iates, que vive frequentada por artistas, políticos, empresários, crianças e mulheres.”
As boas aparências não se mantêm. Depois de um fim de semana de diversão nas paradisíacas praias da Croácia a convite de Mendez, Alex ganha um “presente” de seu anfitrião: o homem que matou seu tio, amarrado e torturado em um sótão.
“A ideia da série é apresentar a máfia como uma rede internacional, que não existe mais sem as conexões entre vários países. A máfia, na verdade, é uma franchising”, explica o ator. “Se nos três primeiros capítulos Alex tenta se livrar da ameaça russa, e acha que consegue, a partir do quarto ele precisa lidar com o meu personagem, que vem de outro lugar.”
O ator afirma que a máfia é globalizada: “O Brasil e a América Latina também participam dessa rede, e a série mostra isso de um ponto de vista internacional.”
TESTE
Antonio Mendez é o primeiro personagem que Caio Blat interpreta em uma série internacional. “Foi um convite direto da produção de elenco para um teste em Londres”, conta. “A produtora disse que estava fazendo um trabalho de pesquisa de atores no mundo todo e, já há algum tempo, estava atrás de mim.”
O domínio do inglês foi fundamental. Blat está confortável com o idioma e, inclusive, fala com sotaque bastante britânico. “Estudei bastante quando era mais novo, e isso me ajudou a poder assumir o personagem”, explica.
Blat não é o único ator estrangeiro na produção, com oito episódios, exibida às segundas-feiras na faixa das 23h. O elenco principal tem representantes da Rússia (Aleksey Serebryakov, Maria Vasilievna Shukshina, Kirill Alfredovich Pirogov e Anna Levanova), Suécia (Karl David Sebastian Dencik), Geórgia (Merab Ninidze), Índia (Nawazuddin Siddiqui) e República Tcheca (Karel Roden).
A convivência com artistas de vários países, afirma Blat, foi “incrível”. “Eram os melhores de cada país. Foi muita sorte cair em uma produção da BBC, em Londres, com atores do mundo todo e com a equipe que havia acabado de fazer Black mirror”, diz.
Blat lembra que as séries passam pelo processo de internacionalização. “Essas produções são feitas para o mundo todo, os países querem se ver representados. Uma das características dessas grandes produções é a presença de personagens importantes latinos, negros e asiáticos”, conclui. (Estadão Conteúdo)
LIVRO
A série do AXN se inspira no livro McMafia: A journey through the global criminal underworld, lançado no Brasil com o título McMafia – Crime sem fronteiras (Companhia das Letras). O autor é o jornalista britânico Misha Glenny, que trabalhou na BBC e no jornal inglês The Guardian. Ele explora a ideia central de que as máfias, antigamente com poderes que se restringiam a países em que operavam, são verdadeiras franquias de caráter globalizado. Em 2015, Glenny lançou O dono do morro (Companhia das Letras), sobre o traficante carioca Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha.