Jornal Estado de Minas

Kataklò Dance Theater usa o corpo para falar dos processos da mente


Na fronteira entre o esporte e a dança, a companhia Kataklò Athletic Dance Theatre, sediada em Milão, dá início nesta quarta (30), no Sesc Palladium, à nova turnê brasileira. Seis atletas/bailarinos trazem ao país o espetáculo Eureka, que, depois de BH, será encenado no Rio de Janeiro, em São Paulo, Curitiba e Salvador.

Assinado pela coreógrafa e diretora artística Giulia Staccioli, que fundou a companhia em 1995, Eureka é uma montagem dividida em quadros. A inspiração veio da exclamação que teria sido proferida pelo matemático grego Arquimedes (287-212 a.C.).
 
“O significado literal de eureka é 'eu encontrei e quero compartilhar minha ideia'. Este é um conceito que sempre guiou o meu trabalho, pois o meu processo criativo se pauta na partilha das ideias e na contribuição de quem se envolveu com ele”, comenta Giulia.

Em cena, há dois grandes momentos: um em preto e branco e outro em cores. De acordo com a coreógrafa, a divisão é uma forma de explorar a dualidade da mente. “Um campo que sempre me fascinou, pois é de onde vêm as ideias. Mas a mente é também um lugar de grandes conflitos.
Ou seja, existe um lado de 'dentro' e outro de 'fora'. E esta passagem de um lugar para o outro nem sempre é tranquila. Por vezes, é confusa”, afirma a diretora.


Sendo assim, os momentos coloridos, que trazem mais humor e um clima festivo, representam o lado de fora. “Já na imagem interna, exploro o branco, o preto, a luz mais pura, pois eles remetem à reflexão. E o espelho acaba sendo o elemento de contato entre os dois mundos, tanto é assim que ele se torna um elemento fundamental na passagem da primeira para a segunda parte do espetáculo.”

IMPROVISO 

Além dos seis integrantes da companhia, Eureka vai contar com a participação de pessoas do público, que se inscreveram antecipadamente. A participação será na base do improviso, já que não haverá nenhum tipo de preparação.
 
“Estamos curiosos para saber como os brasileiros vão receber este trabalho, pois acho extraordinário o que vocês fazem no esporte, na música e na dança.
Espero que, no palco, ocorra uma participação conduzida pela emoção. Será ainda uma oportunidade de intercâmbio de uma linguagem universal, que é a do corpo.”

Atualmente, a companhia Kataklò tem um elenco principal, de seis integrantes, e um grupo de 20 bailarinos/atletas free lancers, que se apresentam em eventos especiais. O termo kataklò deriva do grego e significa “eu danço dobrando-me e contorcendo-me”.
 
Giulia Staccioli é antiga campeã olímpica de ginástica artística e teve uma rápida passagem pelo grupo de dança norte-americano Momix, criado na década de 1980. Os integrantes da Kataklò têm passagens por importantes competições internacionais e olímpicas. Em 1996, o grupo foi convidado a participar da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Sidney.

“Os dançarinos do Kataklò são performers que participaram de um treinamento no qual não existem definições de estilo, mas diferentes competências. Depois de atuar por muitos anos com pessoas exclusivamente do mundo esportivo, a partir de 2010 ampliei o projeto. Decidi colocar minha expertise à disposição de um grupo mais amplo de intérpretes, que não venham necessariamente do esporte”, conta Giulia.

Ao lado do grupo fixo de profissionais que integram a companhia, também existe a Academia Kataklò Giulia Staccioli, voltada para a formação de novos artistas.
Há audições anuais, em diferentes locais do mundo, de abril a setembro. “O que procuro nos candidatos é, principalmente, a curiosidade. É nela que você traz o desejo de mudança. Não me interessa formar um corpo de dança com bailarinos iguais”, conclui.

EUREKA

Espetáculo da Kataklò Athletic Dance Theatre. Nesta quarta (30), às 21h, no Sesc Palladium – Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro, (31) 3270-8100. Ingressos: a partir de R$ 40. Recomenda-se verificar antes a disponibilidade. Venda on-line: Ingresso Rápido.



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