Numa sociedade polarizada, dois grupos vivem conflito que parece sem solução, afetando a educação dos jovens e estruturas comunitárias. Com essa ambientação, o filme Klaus, que estreia na sexta-feira (15) na Netflix, poderia abordar a realidade atual. Porém, trata-se de um conto de Natal dedicado a explorar a origem do Papai Noel – a primeira animação originalmente produzida pela empresa. A direção é do espanhol Sergio Pablos, um dos criadores de Meu malvado favorito. Um dos dubladores da versão brasileira é o ator Rodrigo Santoro, que destaca a profundidade da trama destinada a espectadores de todas as idades.
“É um projeto muito completo, que oferece camadas diferentes de leitura. Naturalmente, uma criança de 6 anos não terá a mesma leitura de um adulto, mas sairá igualmente entretida. Percebi temas que considerei muito importantes, eles foram as razões que me seduziram”, revela o ator, referindo-se à temática social entrelaçada com a história do jovem carteiro Jasper.
Dublado pelo brasileiro, o protagonista é enviado para uma remota e fictícia ilha no Círculo Ártico, onde só há brigas e desentendimentos. A ida para o local tão hostil se dá como castigo – ou teste –, imposto pelo pai de Jasper. Dono de uma enorme agência de correios, ele está ansioso em ver o filho sair da inércia em que se acomodou. Exige, então, que o jovem poste pelo menos seis mil correspondências em um ano. Missão impossível num lugar cuja população se divide entre dois clãs que se odeiam há décadas, privando as crianças de qualquer convívio social para que jamais se relacionem com o lado inimigo.
FLORESTA
A história ganha contornos natalinos quando Jasper, já desesperançoso, conhece um senhor carrancudo de longa barba e cabelos brancos. Inicialmente assustador, ele vive isolado em uma cabana na floresta. Klaus (dublado por Daniel Boaventura) guarda a enorme coleção de brinquedos confeccionados por ele.Não é difícil imaginar quem Klaus vai se tornar, com a ajuda do carteiro, nessa trama repleta de mensagens sobre tolerância, generosidade, compaixão e empatia – temática quase onipresente em filmes natalinos. “Acho que a percepção é individual. Não costumo dizer que a mensagem é esta ou aquela”, diz Santoro. “Esta é a beleza da arte: o espectador completa a experiência e cada um percebe de uma forma. Mas são temas que serão identificados, gerando reflexão não só no Brasil, mas no mundo todo. O filme foi traduzido para 30 línguas exatamente pelo potencial universal que carrega.”
Depois de dublar os longas Rio e O pequeno Stuart Little, o ator classifica seu trabalho em Klaus como “um grande desafio técnico” devido à fala veloz do personagem. Um dos artistas brasileiros de destaque no cinema internacional, Santoro estrelou recentemente O tradutor, escolhido para representar Cuba na disputa por uma vaga ao Oscar de melhor filme internacional. (PG)
KLAUS
• Direção: Sergio Pablos
• Dublagem: Rodrigo Santoro e Daniel Boaventura
• Netflix
• A partir de sexta (15)