Jornal Estado de Minas

MÚSICA

Erasmo Carlos cai no samba


O Erasmo do samba é quase outro Erasmo. Muito distante do romantismo de sua produção mais visível, feita com o amigo Roberto Carlos desde o início dos anos 1960, em clássicos como Emoções e Sentado à beira do caminho. No sentido contrário à corrente sonoramente datada e poeticamente superficial dos anos 1980, com canções como Pega na mentira, os sambas são a sua fortaleza.

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Os sambas de Erasmo são quase um gênero em si. Têm o movimento das gafieiras nos arranjos de metais, mas são mais sutis, o que os aproxima do que os paulistas das periferias dos bailes dos finais de 1970 passaram a chamar de samba rock e os cariocas de sambalanço.

Em dezembro, ele lança um EP pela Som Livre. Vai se chamar Quem foi que disse que eu não faço samba?. Em show realizado no fim de semana, em São Paulo, o ídolo da Jovem Guarda exibiu seu  outro lado. O sambista não seria a face mais verdadeira daquele garoto da Zona Norte do Rio cheio de malandragem? Esse Erasmo não seria o mais genuíno de todos?

“Quer a verdade lá no fundo mesmo? É isso. É nessas músicas que uso o palavreado das galeras, que faço o ritmo que curto tanto”, comenta. “Quando apareci, já veio aquele negócio de rock, rock, rock. Na verdade, comecei ouvindo muita bossa, além do rock, mas não tive acesso a ela. A bossa era de uma turma elitizada, que tinha pedigree, e o rock não.”

Sobre os arranjos do que chama de “meus sambas”, ele diz: “Não gosto desses arranjos modernos, todos muito quebrados, sem sequência. As pessoas querem recriar o que não precisa ser recriado. O que eu quero é fazer as pessoas dançarem juntinhas.” (Estadão Conteúdo)