Chadwick Boseman atingiu seu alto patamar de estrelato em Hollywood por encarnar o representativo Pantera Negra no universo cinematográfico da Marvel. Em Crime sem saída, seu mais novo filme, que estreia nesta quinta-feira (12), ele leva o heroísmo dos quadrinhos para a vida real, como um policial nova-iorquino intensamente dedicado a combater o crime na metrópole, mas com um histórico comprometedor, por já ter matado pessoas enquanto desempenhava essa função.
O papel pode parecer polêmico, especialmente para quem se destacou com um personagem icônico, voltado para a construção de uma sociedade menos preconceituosa, violenta e desigual. Porém, a trama não foge de debates importantes sobre a violência policial, que tem a população negra como maior vítima nos EUA.
Dirigido por Brian Kirk (Game of thrones) e produzido pelos irmãos Anthony e Joe Russo (Vingadores: Guerra infinita e Vingadores: Ultimato), o longa tem toda a pirotecnia típica de thrillers policiais. A história se passa ao longo de uma única madrugada, em Manhattan, depois que dois assaltantes matam oito oficiais da polícia local, ao fugir da cena de um crime. O detetive Andre Davis (Chadwick Boseman) assume o caso e determina o fechamento da ilha, interditando todas as 21 pontes de acesso, até que os fugitivos sejam capturados. Ou seja, não falta ação e tensão, mas dentro de uma trama mais complexa que o simples jogo de gato e rato entre mocinhos e bandidos.
Andre Davis tem uma reputação ruim entre os outros policiais, entre outros motivos por já ter matado alguns suspeitos em ação anteriormente, embora jure que “nunca atirou primeiro”. Também se sabe que seu pai era policial e morreu em ação. Ele entra na missão central do filme sob pressão, tanto por esse histórico quanto pelo desejo de vingança de alguns outros policiais contra os criminosos.
VILÕES
Nesse cenário, Davis encontra adversidades que vão além das impostas pelos personagens de Stephan James e Taylor Kitsch, que interpretam a dupla de criminosos. As estruturas da polícia de Nova York são expostas, bem como suas vulnerabilidades. A trajetória dos dois vilões até o momento do crime também é explorada com mais profundidade, desconstruindo um pouco os estereótipos maniqueístas que costumam aparecer em produções do gênero.
Boseman tem a companhia de Sienna Miller, que faz a agente Frankie Burns, especializada em investigações do narcotráfico, e de J. K. Simmons, intérprete do capitão Matt McKenna da Polícia de Nova York. Os dois são figuras-chave na trama de reviravoltas e mistérios que o personagem principal enfrenta em sua perseguição aos dois vilões. Ainda que não seja um filme panfletário ou centrado em um problema social específico, ele traz uma variedade de pontos de vista sobre a atividade policial nos EUA, como o próprio Chadwick explicou em entrevista ao portal irlandês Joe.
“É necessário ter o bem e o mal em cada personagem, nos criminosos e na polícia, o que é apenas uma boa narrativa. Acho que estávamos atentos às coisas que são atuais em nossa sociedade, é claro. Meu personagem é aquele que interpreta os dois lados. É uma pessoa que chegou muito perto de fazer coisas questionáveis e, ao mesmo tempo, tem senso de justiça e de sustentar o maior sentido do que é a justiça. Você percebe o filme tocando em coisas que são atuais – policiais usando seu poder… talvez usando-o um pouco de mais, mas não é disso que trata o filme”, disse o ator, que também produziu o longa.