É uma mistura de ideias. Um concerto de Natal pode ser melancólico, triste. Não é o nosso caso. É emocionante, para cima, é alegre, tem a orquestra, o coral, a dança e a banda. É uma mistura de emoções que será certamente marcante%u201D
Marcelo Costa, trompetista da Happy Feet, que destaca o caráter festivo da apresentação
Árvore enfeitada, presentes, comidas típicas, luzes nas praças e monumentos da cidade. Na cultura ocidental, alguns elementos tornam inconfundível a chegada do Natal e um deles, certamente, é a música. Há muitas gerações, várias canções são usadas para celebrar a tradição cristã. Ao longo do tempo, elas foram ganhando diferentes ritmos e estilos e, neste fim de semana, o Palácio das Artes recebe um espetáculo que mistura algumas das vertentes mais populares da trilha sonora natalina.
Na edição 2019 dos Concertos de Natal, a Orquestra Sinfônica e o Coral Lírico de Minas Gerais se juntam à Happy Feet Jazz Band e ao grupo de dança BeHoppers para apresentar clássicos natalinos consagrados internacionalmente pelo jazz. O repertório inclui, entre outras, Let it snow, de Sammy Cahn e Jule Styne, Santa Claus is coming to town, de J. Fred Coots e Haven Gillespie, Baby it's cold outside, de Frank Loesser, e a indispensável Jingle bells, de James Lord Pierpont.
Resgatando tradição de décadas, muito forte principalmente nos Estados Unidos, as versões são orquestradas pela Sinfônica de Minas Gerais, mantendo o ritmo do jazz por meio do quinteto Happy Feet, que desde 2008 se dedica ao estilo consagrado nos anos 1930, 40 e 50, quando brilhavam Ella Fitzgerald, Billie Holiday e Duke Ellington, entre outros. As vozes do Coral Lírico e as coreografias do grupo dedicado ao lindy hop, dança surgida no final dos anos 1920, completam a conexão entre o clássico e o moderno.
“A música de Natal se populariza e passa a fazer muito sucesso nos EUA, especialmente ao longo da Segunda Guerra Mundial. Havia aquele sentimento nas famílias de comoção, dos soldados fora, mas isso coincide com o auge do jazz e da música popular americana, então se criou essa tradição. Até hoje os artistas do pop gravam canções natalinas”, afirma Marcelo Costa, trompetista da Happy Feet, que destaca o caráter festivo da apresentação. “É uma mistura de ideias. Um concerto de Natal pode ser melancólico, triste. Não é o nosso caso. É emocionante, para cima, é alegre, tem a orquestra, o coral, a dança e a banda. É uma mistura de emoções que será certamente marcante”, diz.
Unir-se a outros ritmos musicais não é desafio para a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, que ao longo do ano realiza outros projetos em que a formação instrumental clássica é combinada à música popular. “A Sinfônica é extremamente versátil. Não poderia ser diferente neste momento especial. Fazer isso no Natal, buscar essa linguagem natalina diferenciada é muito bacana. Apresentaremos um repertório tocante e divertido ao mesmo tempo. A roupagem dada pela Happy Feet é bastante alegre, agitada, é outro tipo de música natalina. Não é reflexiva nem intimista. É ótimo participar disso”, argumenta o maestro Silvio Viegas, regente titular da orquestra.
Fazer isso no Natal, buscar essa linguagem natalina diferenciada é muito bacana. Apresentaremos um repertório tocante e divertido ao mesmo tempo. A roupagem dada pela Happy Feet é bastante alegre, agitada, é outro tipo de música natalina. Não é reflexiva nem intimista. É ótimo participar disso
Silvio Viegas, maestro
FAMILIAR
O maestro ressalta que, apesar da origem norte-americana, as músicas no programa constroem uma identidade coletiva global sobre o Natal. “É uma festa na qual vivemos muito uma cultura internacional. Temos músicas originalmente europeias, norte-americanas, mas que fazem parte da nossa própria vida como brasileiros e que celebram o Natal. Elas fazem parte da maneira como vivemos a data, então nos apropriamos delas, inclusive existem versões em português, em ritmos diferenciados. Quando fazemos esse tipo de repertório, ele é imediatamente identificado pelo público, que aprecia como algo familiar”, comenta.
O responsável por colocar o conhecido repertório sob uma harmonia única, com a instrumentação da orquestra, o ritmo da banda com sua guitarra, contrabaixo e trompete, as vozes do coral e o movimento do grupo de dança tem um sobrenome mais do que adequado à ocasião. Fred Natalino, tecladista da Happy Feet, criou os arranjos, processo definido por ele como “a forma de adaptar uma música a uma formação específica”. “Já fizemos essa apresentação várias vezes, só com a banda, depois com banda e orquestra, uma vez com a Big Band. O repertório é o mesmo, mas arranjado para os instrumentos disponíveis. Agora faremos novamente com a Sinfônica, mas também com o Coral, por isso foi preciso adaptar as peças para aproveitar melhor as características de cada um. É um ajuste de detalhes”, afirma o músico.
No total, serão 13 versões de clássicos do Natal e uma abertura, composta por Natalino, que passa por todas elas. “Boa parte do programa já temos desde a primeira edição, em 2010. Acrescentamos coisas novas, como Silent night (Joseph Mohn /Franz Xavier Gruber /John Freeman Young) e escrevi uma sessão diferente no meio de algumas músicas, uma Fuga de Bach, para aproveitar melhor a orquestra e o coral, que são acostumados com essa linguagem, justamente para aproximar do que eles fazem. Fica um espetáculo bem variado, tem baladas, canções mais lentas, trechos mais eruditos, além do jazz e da canção popular. Tudo isso com muita harmonia, que só é possível pela versatilidade da Sinfônica, que passeia bem por todas essas vertentes”, argumenta.
CONCERTOS DE NATAL
Com Orquestra Sinfônica e Coral Lírico de Minas Gerais, Happy Feet Jazz Band e BeHoppers. Neste sábado (21), às 20h, e domingo (22), às 19h, no Grande Teatro do Palácio das Artes – Av. Afonso Pena, 1.537, Centro. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$15 (meia), à venda na bilheteria do teatro. Classificação: 8 anos. Mais informações: (31) 3236-7400.