2019 será lembrado como o ano em que a Netflix começou a ter motivos para se preocupar. A “guerra do streaming” ganhou concorrentes sérios, primeiro no mercado americano: o Disney%2b e a Apple TV começaram a operar em alguns países, com catálogos extensos e respeitáveis (no caso da Disney) e produções originais potentes, tirando o sossego da gigante “natural” do setor, que, este ano, também consolidou um ritmo frenético de produções originais, novas, renovadas e (muitas) canceladas.
Será curioso acompanhar como o movimento das placas tectônicas no mercado do entretenimento vai recompensar a estratégia da Netflix: ao contrário de outras produtoras de conteúdo para TV, como HBO e os canais AMC e Fox, por exemplo, a empresa de streaming mantém uma linha de corte mais frouxa quando o assunto é qualidade das produções originais. Prova disso é o imenso volume de séries canceladas ano a ano (foram pelo menos 20 em 2019).
Em menos de dois meses, a Disney acumulou cerca de 40 milhões de usuários assinantes dos seus serviços de streaming (além do Plus, Hulu e ESPN ), ante os 60 milhões da Netflix, líder do setor – tudo isso nos EUA. Lá também, Disney foi o termo mais pesquisado neste ano. O custo mensal do serviço é de US$ 7, diante de US$ 9,90 da principal concorrente.
O potencial da Disney
A Disney, hoje em dia, é muito mais do que clássicos como Cinderela e Mary Poppins. A franquia Star Wars, o universo Marvel, o estúdio de animação Pixar, o canal de documentários National Geographic e as 31 temporadas de Os Simpsons são algumas das atrações irresistíveis da empresa no streaming. O Disney chega ao Brasil em 2020, mas ainda não há informações oficiais sobre data e preços.
Já a Apple parece ter escolhido uma opção “mais HBO”, ou seja, catálogo mais enxuto com produções originais em menor volume, mas buscando mais qualidade – uma das séries do serviço, The morning show, com Jennifer Aniston e Steve Carell, teve excelente repercussão crítica nos EUA. Disponível no Brasil desde novembro, ao preço de R$ 9,90, o serviço começou com quatro dramas, três infantis e uma série documental de natureza – número econômico.
Também estreia em 2020, primeiro na América do Norte, o Peacock, plataforma da NBCUniversal – as séries The office, Parks and recreation e produções originais farão parte da programação.
Com tudo isso, 2019 marcou o início do que é até agora a maior transformação na indústria do streaming desde que a Netflix se tornou a gigante do streaming.
Encruzilhada no streaming
O aumento da concorrência pode levar a indústria a encruzilhadas já atingidas, no passado, pela indústria da música, por exemplo. Com tantas opções de serviços – e orçamento limitado do consumidor, estimado nos EUA em não mais de US$ 70 por mês –, é possível que a pirataria e o compartilhamento ilegal de arquivos volte a ser a opção preferida pelos internautas? Questões como essa deverão ser enfrentadas pelas empresas em 2020.No Brasil, a Globo, como parte de sua reestruturação ainda em andamento, dá cada vez mais importância ao Globoplay, o maior serviço de streaming nacional, com toda a programação da TV e boa parte do conteúdo da Globosat. Segundo a emissora, são 22 milhões de usuários mensais. O serviço anunciou 16 novas produções originais para 2020. Entre as novidades, estão as séries inéditas Desalma, estrelada pelas atrizes Cássia Kis e Cláudia Abreu; Onde está meu coração, com Letícia Colin e Fábio Assunção; e As five, spin-off de Malhação.
Algumas gigantes do streaming adiantaram seus planos para o Brasil em 2020. A Netflix anunciou investimento de R$ 350 milhões em 30 produções originais, entre o final de 2019 e 2020. A Amazon Prime Video vai lançar seis produções brasileiras nos próximos 12 meses.