Jornal Estado de Minas

MÚSICA

GRAMMY TENTA SE RENOVAR COM BILLIE EILISH

Alicia Keys fez uma emocionante homenagem ao jogador de basquete Kobe Bryant, ídolo do Los Angeles Lakers, morto horas antes do início da cerimônia, que ocorreu no ginásio do time




A cantora Billie Eilish dominou a cerimônia do Grammy 2020, celebrada na noite do último domingo (26), e venceu cinco gramofones, incluindo as quatro principais categorias: canção, álbum e gravação do ano, além de artista revelação. Com apenas 18 anos e um público fervoroso, Billie Eilish, também venceu na categoria álbum pop por When we all fall asleep, where do we go? (Quando nós todos dormimos, para onde vamos?). Ela concorria em seis categorias.



"Acredito que os fãs merecem tudo", disse ela, ao receber seu terceiro gramofone. "Sinto que não se falou o suficiente sobre eles esta noite, porque são a única razão pela qual qualquer um de nós está aqui. Então, obrigada aos fãs!"

O maior prêmio da indústria musical americana coincidiu com a morte do astro do basquete Kobe Bryant, vítima de um acidente de helicóptero, aos 41 anos. O desastre também matou sua filha Gianna, de 13, e os demais oito passageiros.

A cerimônia aconteceu no Staples Center, casa do Los Angeles Lakers, equipe que Kobe defendeu por 20 temporadas. Centenas de fãs compareceram ao local para prestar homenagem ao ídolo. No início do evento, Lizzo e Alicia Keys dedicaram suas apresentações a Kobe Bryant.

Alicia fez um discurso emocionante, dizendo que, no dia da grande festa da música americana, todos estavam de coração partido, pela perda de um herói, na casa que ele construiu. Referindo-se a Kobe Bryant, sua família e as demais vítimas do acidente, ela disse: "Quero pedir que pensem neles por um momento e compartilhem suas forças com essas famílias. Nunca imaginamos começar o programa assim". Em seguida, ela cantou a capela e ao lado de Boyz II Men It's so hard to say goodbye to yesterday.



BAD GUY 

Na disputa de melhor canção, que venceu com Bad guy, Eilish derrotou Lady Gaga (Always remember us this way), Tanya Tucker (Bring my flowers now), H.E.R. (Hard place), Taylor Swift (Lover), Lana Del Rey (Norman Fucking Rockwell), Lewis Capaldi (Someone you loved) e Lizzo (Truth hurts).

Billie, que surgiu no tapete vermelho de cabelos tingidos, já havia garantido seu primeiro gramofone antes mesmo do início das transmissões, com a categoria Melhor álbum pop vocal, cujo vencedor é anunciado antecipadamente.

Beyoncé também venceu um prêmio antecipado, o de Melhor filme musical, com Homecoming, dirigido por ela e por Ed Burke. Lady Gaga ganhou por Melhor canção escrita para mídia visual com I'll never love again, que foi interpretada ao lado de Bradley Cooper, diretor e ator da versão de Nasce uma estrela, estrelada por Gaga. A música também foi composta por Natalie Hemby, Hillary Lindsey e Aaron Raitiere. Gaga bateu Beyoncé, que concorria com Spirit.



Curiosa a vitória de Michelle Obama na categoria Melhor álbum de palavras faladas (incluindo poesia, audiolivro e storytelling) por seu audiolivro Minha história, que, no Brasil foi editado pela Companhia das Letras e teve a narração interpretada pela jornalista Maju Coutinho. Lil Nas X e Billy Ray Cyrus foram os ganhadores de Melhor vídeo musical com o clipe de Old town road.

A primeira premiação com transmissão mundial foi para Lizzo, que ganhou por principal performance pop solo, vencendo Beyoncé, Billie Eilish, Ariana Grande e Taylor Swift. Lizzo fez um discurso emocionado, depois de abrir a premiação com um show potente.

Antes disso, a categoria de melhor performance country, a mais tipicamente norte-americana de todas, foi para a dupla Dan %2b Shay pela canção Speechless. Usher veio ao palco para enfileirar músicas de Prince em um bem anunciado tributo ao artista, morto em 2016. Cantou Little red Corvette, emendou com When doves cry e elevou a temperatura ao lado de uma dançarina e indo aos agudos para um impecável cover de Kiss. Foi tudo rápido, Prince merecia mais, mas Usher segurou o desafio de pincelar a obra de um dos maiores artistas da música pop.



HOMENAGEM  

A cantora cubana Camila Cabello, que abriu o Grammy de 2019, voltou ao palco para fazer uma homenagem ao pai, que, comovido, a abraçou ao final da apresentação. A direção, ficava claro com o passar da premiação, reforçava o caráter de celebração musical, aumentando o número de apresentações com relação a outras edições. O rap vinha com bem menos espaço do que em anos anteriores, depois de uma conturbada edição de 2019, com artistas premiados, como Childish Gambino, não comparecendo ao evento para buscar suas premiações. Uma esnobada que pode ter cobrado o preço da indiferença.

Billie Eilis – que tem dois shows marcados no Brasil no próximo mês de maio (dia 30, em São Paulo, e dia 31, no Rio de Janeiro) – fez sua estreia em um palco do Grammy. Depois de ganhar seu primeiro gramofone, Billie cantou a triste When the party's over, um de seus grandes hits, cujo vídeo acumula quase 500 milhões de acessos. Acompanhada apenas ao piano, sua voz estava sentida, emocionada e tocou a plateia do Staples Center, que lhe devolveu uma longa ovação.

Logo depois, veio a apresentação dos veteranos do Aerosmith, que já haviam sido homenageados com shows nas prévias da celebração. O ponto alto foi com Walk this way, que cantaram com o Run DMC em um reencontro histórico, muito esperado.



CRÍTICAS 

As apresentações de Eilish e de outros nomes em ascensão, como Lizzo e Lil Nas X, são uma tentativa do Grammy de responder às críticas pela falta de diversidade. Lizzo venceu em três categorias, enquanto Lil Nas X levou dois gramofones, a mesma quantidade que Lady Gaga.

Em meio ao processo de reinvenção do Grammy, o escândalo bateu à porta: Deborah Dugan, a primeira mulher a presidir a Academia de Artes e Ciências de Gravação, entidade que concede o prêmio, registrou uma denúncia por discriminação, logo após ser suspensa do cargo, quando faltavam apenas 10 dias para a realização da cerimônia de entrega dos gramofones.

Ela alega que foi forçada a deixar o cargo após alertar sobre casos de assédio sexual na Academia, de que ela também seria vítima, além de irregularidades na votação e outras falhas dentro da organização, uma das mais influentes da música. O tema, no entanto, não foi abordado durante a cerimônia. (AFP e Agência Estado)


GRAMOFONES ENTREGUES

Confira os principais vencedores do Grammy 2020

» Música do ano: Bad guy, de Billie Eilish

» Melhor perfomance solo: Truth hurts, de Lizzo 
 

» Melhor álbum vocal pop: When we all fall asleep, where do we go?, de Billie Eilish

» Melhor álbum vocal pop tradicional: Look now, de Elvis Costello & The Imposters

» Melhor álbum de rap: Igor, de Tyler, The Creator

» Melhor álbum de rock: Social cues, de Cage The Elephant

» Melhor álbum vocal de jazz: 12 little spells, de Esperanza Spalding

» Melhor álbum latino de rock, urban ou alternativo: El mal querer (Rosalía)  

» Melhor álbum latino de pop: El disco (Alejandro Sanz)