Não é de hoje que as mídias digitais pautam a produção audiovisual. Matches, série brasileira com 10 episódios, que estreia na terça-feira (18), na Warner Channel, é uma comédia sobre relacionamentos. O que faz a diferença dessa produção para tantas outras é a maneira como a parte digital é apresentada na trama.
O título, Matches, é o nome de um aplicativo de encontros que funciona basicamente como Tinder e Happn. Só que quando os personagens estão no app, eles aparecem, assim como seus pretendentes virtuais. Ou seja, em vez dos textinhos que ganham a tela – é basicamente dessa maneira que o cinema e a televisão mostram os diálogos on-line –, personagens interpretam o que estão teclando.
“O grande trunfo da série é isso mesmo”, concorda a atriz Juliana Silveira, que vive a protagonista Lara. “Os atores ficavam torcendo para as gravações chegarem na nuvem (o espaço “virtual” da série). Ficávamos pensando como faríamos os emojis, como seria deletar uma pessoa. Será que o ator iria se jogar fora da cena? Aos poucos, fomos ver como desenvolvíamos a linguagem”, comenta ela.
A história em si não foge muito do óbvio. Lara é uma publicitária que se separou há mais de um ano de Gabriel Victor (Bruno Ferrari). O ex-casal tem o filho Lucas (Samuel Scatiotti), pré-adolescente gente boa que mais de uma vez se mostra mais adulto do que os pais. No início da história, Lara e Gabriel volta e meia se encontram na cama. Quando ela descobre que o ex já colocou a fila para andar, entra no app de paquera.
A outra ponta do núcleo principal traz os amigos Ricardo (João Baldasserini) e Escovão (Renato Livera). O primeiro acabou de levar um fora da mulher, a única pessoa com quem se relacionou seriamente na vida. O segundo é um bon vivant que vai introduzir o amigo no mundo dos encontros via aplicativos.
Escovão e Lara moram no mesmo prédio. Agora sem casa, Ricardo vai morar com Escovão. Não é difícil imaginar que o recém-descasado e Lara, em algum momento, vão se encontrar.
Nos primeiros episódios, acompanhamos os encontros, na verdade desencontros, dos dois personagens com pessoas que conheceram pelo app. Há lances bem engraçados, alguns pautados na vida real.
“Teve muito improviso e essa não é minha zona de conforto, porque fui educada para falar cada sílaba escrita, pois os autores de novela prezam por seu trabalho. Já na primeira vez em que fui gravar resolveram mudar e me pediram para improvisar. Mas pode?, pensei. Achei essa liberdade maravilhosa”, comenta Juliana.
Matches foi produzida pela Migdal Filmes, com criação de Carolina Castro e Marcelo Andrade e direção de Duda Vaisman e Calvito Leal. As gravações, ao longo de um mês, ocorreram em uma casa no Itanhangá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. “Gravamos tudo pelo cenário – todas as cenas na casa da Lara, depois todas no bar, no apartamento do Escovão”, acrescenta a atriz.
Juliana diz ter “intimidade zero” com aplicativos de paquera. “Sou pior do que a Lara. Nunca tinha entrado. Mas não fiquei muito presa nisso, pois muita gente (da equipe) usava e explicava qual piada funcionava ou não. Esses detalhes garantiram veracidade à série.”
Fã dos seriados – elenca os clássicos Friends e Sex and the city como os prediletos –, Juliana diz que buscou referências na comédia dos seis amigos em Nova York, em Modern family (“por ser toda gravada com câmera na mão”) e Os normais. Espera, agora, que vingue a segunda temporada – ganchos para a história continuar não faltam.
MATCHES
Estreia na terça (18), às 21h40, na Warner Channel. Exibição de episódios duplos sempre às terças, com reprises às sextas, às 18h.