Jornal Estado de Minas

Aplicativo gratuito move a trama de terror de 'A hora da sua morte'

Com funcionalidades diversas e cada vez mais otimizadas pela tecnologia, os aplicativos para telefones celulares se tornaram indispensáveis para muitas pessoas. Por outro lado, o excesso de novidades e o complexo compartilhamento de dados pessoais também criam um nível de temor sobre o uso deles.


 
Na mente do norte-americano Justin Dec, essa configuração assume uma forma aterrorizante no filme A hora da sua morte, em que um novo programa disponível revela ao usuário quanto tempo lhe resta de vida.

Primeiro longa-metragem do diretor, o filme estreia nesta quinta-feira (27) no Brasil, depois de ter sido lançado nos Estados Unidos (em outubro passado), alcançando boa bilheteria. Guardando semelhanças com outros suspenses populares contemporâneos, a trama apresenta protagonistas jovens que precisam sobreviver a uma ameaça misteriosa e fatal. A novidade é que o terror está na palma da mão, disponível para os sistemas Android e iOS.


A personagem principal é a enfermeira Quinn, interpretada por Elizabeth Lail, da série You, da Netflix. Ela é uma das várias pessoas que baixam o aparentemente estúpido aplicativo capaz de dizer quantos anos, dias, horas e minutos de vida restam a cada um. Ao contrário da maioria, que se diverte ao saber que viverá mais algumas décadas, ela fica apreensiva ao ver que não terá mais do que três dias de vida. O medo aumenta quando ela toma conhecimento de casos que tornam a ferramenta realmente assustadora, incluindo um de seus pacientes, morto precisamente no tempo previsto.



Desesperada, a enfermeira resolve investigar o que está por trás do programa, numa estratégia para contornar o seu cruel destino anunciado. Nesse processo, conhece Matt (Jordan Calloway), que passa pelo mesmo drama. Juntos, eles descobrem que a ameaça vai muito além do plano tecnológico, incluindo cenas mais tenebrosas envolvendo esse algoz das trevas, recém-inserido no mercado digital.

CRÍTICA 

Apesar dos clichês na estrutura da trama, ela inclui algumas críticas sobre o uso desses produtos, tão comuns atualmente. A câmera faz questão de destacar que, ao baixar o diabólico aplicativo, todos ignoram as várias linhas em letras miúdas e aceitam os termos e condições do serviço, que é gratuito. Essa é uma das premissas do longa, conforme declarou o próprio diretor em entrevista ao portal norte-americano de variedades Inverve.

“Receio que levamos as coisas pouco a sério no século 21. Existem contratos enormes com os quais concordamos. Nunca foi assim. Nunca. Sempre que um contrato era colocado na frente de alguém, você gostaria que um advogado o lesse. E agora pensamos: ‘Concordo, concordo, concordo’. Não os leio. Quem tem tempo? Mas qualquer um pode esconder alguma coisa neles”, afirmou Dec. Ele contou que a ideia do roteiro surgiu ao programar um cronômetro em seu celular.

Como parte das estratégias de divulgação do longa, um aplicativo semelhante ao do filme foi lançado no mercado real no ano passado, e chegou a ocupar o topo da lista dos mais baixados gratuitamente nos Estado Unidos, segundo reportagem da Variety. No Brasil, ele está disponível nos principais sistemas operacionais. Vale lembrar que os números mostrados nele não passam de uma brincadeira, ao contrário do que ocorre no filme.