Jornal Estado de Minas

Emoção nas telas

Além da ida aos estádios proibida pelo risco de contaminação em aglomerações, os fãs de esporte tiveram suas rotinas desfalcadas de jogos e atrações esportivas mesmo pela TV, com o cancelamento das competições no Brasil e no exterior. O vazio, no entanto, pode ser amenizado graças à indústria do entretenimento. A Netflix acaba de incluir em seu catálogo novas séries ligadas ao futebol e ao automobilismo, como The english game, Barra bravas e Drive to survive. Uma alternativa para preencher as noites de quarta e as tardes e manhãs de domingo.



Na última sexta-feira, a estreia foi de The english game. Em seis episódios, a produção britânica viaja até 1879, num drama ambientado no contexto dos primórdios do esporte que se tornaria uma das maiores paixões do planeta. Criada por Julian Fellowes, responsável pelo sucesso Downton Abbey, a trama baseada em acontecimentos reais mostra que o enfrentamento em campo também era entre as classes naquele tempo.

O foco é em Fergus Suter (Kevin Guthrie), trabalhador escocês que se tornaria o primeiro jogador profissional do mundo, com grande capacidade nos passes no recém-criado jogo com os pés, derivado do rugby. Fergus se junta ao Darwen FC, um dos primeiros clubes de que se tem notícia, formado apenas por operários, numa campanha heroica na Copa da Inglaterra, competição mais antiga do planeta, já disputada naquela época.

Com uniformes de pano, calças compridas e botas no lugar de chuteiras, eles se cruzam com o aristocrático Old Etonians, que contava com Arthur Kinnaird (Ed Holcroft), o craque do momento. O enfrentamento entre eles ganha profundidade, dentro de um cenário em que o dinheiro passou a ter cada vez mais importância na disputa, como é evidente hoje em dia.



Se em The english game as mulheres são relegadas a um segundo plano, quase serviçais dos maridos boleiros, um século e meio depois são elas que assumem o protagonismo em Barra bravas. Disponível há algumas semanas no serviço de streaming, a produção argentina se passa nos dias atuais, na periferia de Buenos Aires, onde a paixão dos torcedores é tão grande quanto a violência nas arquibancadas e o uso político dos times por grupos de mafiosos.

O centro da história é um time fictício, chamado Ferroviários, cujos bastidores fervilham na disputa sanguinária entre membros da torcida organizada, alguns deles infiltrados na direção. O poder do grupo se estende até mesmo para a vizinhança, extrapolando os limites do clube. Quem tenta mudar o rumo das coisas é a advogada Diana Imbert (Dolores Fonzi), que assume a presidência da equipe, cargo que já foi de seu avô.

A missão de Diana é enfrentar essas figuras perigosas e salvar o time de seus interesses pessoais escusos. Não faltam cenas de ação – tanto nas arquibancadas lotadas e coloridas quanto nos cantos escuros do bairro. Uma opção para quem gosta de futebol latino e thrillers sobre gangues, também no contexto dos países vizinhos

Além do futebol, presente ainda em séries mais antigas, como a mexicana Club de cuervos e documentários sobre times e campeonatos, a Fórmula 1 é contemplada no acervo da Netflix. Em fevereiro, estreou a segunda temporada de Drive to survive, lançada justamente como uma prévia do primeiro Grande Prêmio do ano, que seria dia 15 de março, na Austrália, mas que foi cancelado em função da pandemia, assim como as próximas corridas.



Lançada ano passado, a série documental conta sobre os bastidores atuais da categoria. Depois do sucesso dos 10 episódios sobre o campeonato de 2018, a empresa investiu em uma nova sequência, que conta sobre a disputa em 2019, vencida novamente pelo inglês Lewis Hamilton, hexacampeão mundial.

DRAMATIZAÇÃO 

Com ampla liberdade de circulação entre os boxes e cenas até da vida pessoal de pilotos e diretores de equipes com suas famílias, o roteiro procura dramatizar a competição, a rivalidade entre os times e a pressão sofrida pelos jovens pilotos. São mostrados aspectos muitas vezes desconhecidos para quem acompanha só o que ocorre nas pistas, mas ultrapassagens espetaculares e batidas também entram na edição.

A produção é de James Gay-Rees, vencedor do Oscar de melhor documentário em longa-metragem pelo filme Amy (2015), dirigido por Asif Kapadia. Gay-Ress produziu também Senna (2010), documentário focado na carreira do piloto brasileiro, morto em acidente na Fórmula 1 em 1994, quando corria pela Williams, em Ímola (Itália).


No ar, craques brasileiros

Maior atleta do século, Pelé será o astro do primeiro programa da série documental 10x10 – os donos da camisa, que a TV Brasil estreia nesta segunda-feira (23). Usando acervo raro do Canal 100, a produção retrata a carreira de 10 jogadores que marcaram história no futebol brasileiro. Serão 20 episódios, dois dedicados a cada atleta. A exibição será de segunda a sexta, às 19h30. Aos domingos, às 20h30. Além de Pelé, serão apresentadas as trajetórias de Dirceu Lopes, Tostão, Ademir da Guia, Dida, Gerson, Jairzinho, Rivellino, Roberto Dinamite e Zico.