Jornal Estado de Minas

A Outra Banda da Lua lança álbum homônimo nesta terça-feira.


“Sou toda mística, para mim tudo tem um sentido. A gente já tinha combinado há muito tempo lançar nesta data. Talvez o mundo precise deste disco no dia 7”, afirma Marina Sena, de 23 anos. A cantora, uma das vozes do Rosa Neon, capitaneia ainda A Outra Banda da Lua, quinteto criado em 2015 em Montes Claros, que lança nesta terça seu primeiro álbum, homônimo (Under Discos).





Foram dois anos de gravação, não havia mais como (nem por que) esperar. Produzido por Rafael Carneiro, o álbum traz 10 faixas, nove delas autorais, boa parte composta ainda nos primórdios do grupo – que, além de Marina, ainda conta com Edson Lima (guitarra), Mateus Sizílio (bateria), Matheus Bragança (baixo) e André Oliva (guitarra e percussão). Todos, à exceção de Marina, que hoje mora em Belo Horizonte, vivem em Montes Claros, no Norte de Minas.

A banda se define como “rock rural afro psicodélico”, uma invenção em que cabem várias referências. Do canto agudo e doce de Marina, que por vezes emula Gal Costa, saem versos como “Se entro na capoeira é pra ganhar/E pra jogar que tem que saber perder” (Cavalaria, da própria cantora) ou “Partiu meu Brasil Guarani/Pro alto vamos cantar/Partiu Montes Claros bonita/Pro alto vamos lutar” (Serra do Mel, de Mateus Sizílio).

As letras são, de uma maneira geral, curtas, entremeadas por longas (e bem executadas) partes instrumentais. O disco cresce em faixas como Sangue no olho (Marina) e Carrim de picolé (esta, de Sizílio, com letra com um tom político), as canções mais pulsantes do álbum.





Boa parte das canções já são conhecidas dos fãs da banda, já que têm registros ao vivo. No álbum, ganharam mais peso. Um bom exemplo é Mês de agosto na avenida (Edssada/Karla Celene Campos). A canção, que remete ao Cordel do Fogo Encantando em sua fase inicial, ficou com mais nuances (e peso) na gravação oficial.

“Acho que a cultura popular é nossa principal referência. Além disto, todo o mundo é bem roqueiro”, continua ela. A produção musical montes-clarense, principalmente dos grupos setentistas Agreste e Raízes, também é forte influência da banda. Tanto que o grupo regravou Desentoado (Tino Gomes/Charles Boavista), o primeiro sucesso do Raízes.

PROJETOS DISTINTOS 

Nascida em Taiobeiras, Norte do Estado, Marina chegou a Montes Claros em 2015, já com a intenção de montar uma banda. Encontrou-se Edson Lima e Mateus Sizílio e, com eles, passou a fazer shows em trio, com o nome Marina Seca e A Outra Banda da Lua. Quando os demais integrantes chegaram, a grupo assumiu-se como banda.





O sucesso do Rosa Neon, que ela tem com Luiz Gabriel Lopes e Marcelo Tofani desde 2018, não atropelou A Outra Banda da Lua, Marina acredita. “São dois processos bem diferentes, com rotinas e mercados também distintos. Considero A Outra Banda da Lua mais calma, não tem a mesma agenda de shows do Rosa. O show d’A Outra Banda é muito denso, não tem como fazer um por dia, pois o desprendimento de energia é grande. E como o pessoal do Rosa tem também outros projetos, a gente que combinar para não lançar as coisas na mesma época.”

O isolamento social tirou os músicos do palco. Mas, em casa, a produção continua. Marina lança agora o álbum d’A Outra Banda – os planos de lançar um clipe ficaram para depois que as coisas normalizarem. E em breve, ainda durante a quarentena, promete mais uma faixa do Rosa Neon.

A OUTRA BANDA DA LUA
. Under Discos
. 10 faixas
. Disponível nas plataformas digitais


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