A live do monólogo Pérolas do Tejo, protagonizado por Carlos Nunes, alcançou cerca de 20 mil espectadores. Apresentada na noite de terça-feira (21) diretamente do palco do Cine Theatro Brasil Vallourec, em Belo Horizonte, a experiência foi comemorada pelo ator: “É a primeira live num teatro feita no país.”
A peça foi transmitida por meio do YouTube. Sandra Campos, gestora de planejamento e ação cultural do Cine Theatro, informa que 10,2 mil aparelhos permaneceram ligados durante o espetáculo inteiro. “Isso faz com que a estimativa ultrapasse 20 mil espectadores, uma vez que cada aparelho transmitiu, no mínimo, para uma ou mais pessoas”, afirma.
Organizadores planejam a prosseguir com o projeto. O próximo espetáculo será Acredite, um espírito baixou em mim, produção comandada pelos atores e diretores Maurício Canguçu e Ílvio Amaral. A comédia é fenômeno de bilheteria na capital mineira.
“Ainda não há data certa. Estamos verificando a questão técnica e operacional, pois Acredite... conta com mais atores em cena e devemos seguir todas as normas de segurança”, adianta Sandra Campos, referindo-se às regras que devem ser observadas durante o isolamento social.
Para Nunes, o projeto foi desafiador. “Fazer um espetáculo como Pérolas do Tejo, no qual a plateia é personagem, não deixa de ser um pouco estranho. Isso porque estou sozinho em cena e o público faz parte da história. É difícil apresentar um monólogo no qual as pessoas não estão perto do ator. Felizmente, deu tudo certo. O nosso dever foi cumprido.”
Carlos Nunes diz que, em espetáculos de humor, 50% da performance cabe ao artista e os outros 50% à plateia. Revela que “correu um pouco com o texto”, em sua estreia em live. “Foi porque não sabia como seria a reação das pessoas, mas não comprometeu a apresentação. Quando o público está presente, enquanto ele está rindo, o ator vai se recompondo e se refazendo para poder continuar”, explica.
Carlos Nunes admite que a missão foi cansativa. “Respirei pouco durante a apresentação, o que era esperado”, conta. “Foi muito bom, mas a emoção maior, naturalmente, é quando o ator vê a plateia participando. Porém, a sentir que há milhares de pessoas assistindo em seus aparelhos também é bom”, observa.
PIPOCA
"Levar humor para quem está em casa neste momento de quarentena é gratificante"
Sandra Campos, gestora do Cine Theatro Brasil Vallourec
"Levar humor para quem está em casa neste momento de quarentena é gratificante"
Sandra Campos, gestora do Cine Theatro Brasil Vallourec
O ator revela ter “mais de 800 mensagens” no celular aguardando para ser respondidas. “O mais legal é que, antes do espetáculo, recebi muitas mensagens de carinho de pessoas dizendo que veriam a live. Um contava que estava com mais 10 pessoas na sala e fazia pipoca para todos. Outro mandou foto fazendo macarrão para os convidados”, diverte-se.
Sandra Campos diz que o projeto é um compromisso do Cine Theatro Brasil Vallourec com a sociedade. “É triste ver a casa fechada, sem data para retornar. É muito válido abrir as portas para que várias pessoas possam dar continuidade a seu trabalho. Continuaremos com o teatro, mas também estamos pensando em entrar na área de música”, adianta a gestora.
O projeto Instrumental Praça Sete, com a curadoria do maestro Marcelo Ramos, poderá ser transformado em live. “A ideia inicial é fazer semanalmente na própria casa do músico. Porém, não descartamos fazer no Cine Theatro”, diz Sandra.
A gestora informa que outros atores serão convidados, sobretudo da área humorística. “Ainda estamos decidindo se o projeto será semanal ou quinzenal. Acredito que apresentar um espetáculo diferente a cada semana seja a medida certa. Levar humor para quem está em casa neste momento de quarentena é gratificante”, conclui.