Jornal Estado de Minas

MÚSICA

Clipe solidário reúne 40 artistas ligados ao Circuito do Rock, em BH

(foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)

Impedir que artistas e empresários percam o pique e encarem o  desafio de trabalhar novamente tão logo acabe a quarentena. Esse é o objetivo do vídeo com 40 músicos produzido por Gustavo Jacob e Carlos Velloso, proprietários do Jack Rock Bar e do Lord Pub, casas à frente do Circuito do Rock, em Belo Horizonte. A canção escolhida é Don’t stop believin, do grupo norte-americano Journey, cujo refrão diz: “Não pare de acreditar/ Se agarre neste sentimento”.



Os participantes, que gravaram sua participação dentro de casa, costumam se apresentar nos dois bares. O produtor artístico do projeto é Bruno Villaça. Gustavo Jacob afirma que o setor de entretenimento está entre os mais afetados pela pandemia. “Fomos os primeiros a parar, devemos ser os últimos a voltar, pois atuamos em locais que aglomeram muitas pessoas”, diz. “Temos 50 funcionários e tivemos que colocá-los em regime de férias coletivas.”

A iniciativa de convidar os músicos para gravar o vídeo tem o intuito de encorajá-los. “Escolhemos a canção do Journey porque ela marcou gerações e tem um refrão superadequado para estes tempos. Cada músico gravou com seu celular, cantando e tocando. O resultado foi excelente e o vídeo está bombando nas plataformas digitais e redes sociais”, diz Gustavo Jacob.

O material foi encaminhado para São Paulo, onde foi editado e masterizado pelo produtor Breno Machado. “Temos que acreditar e agir. Precisamos olhar pra frente e nos reinventar a cada dia. A campanha deve também contemplar lives, ações em parceria com patrocinadores e outros projetos”, informa o organizador do Circuito do Rock.



O cantor Bauxita diz que a iniciativa é oportuna. Aliás, ele tem um xodó especial por Don't stop believin'. “Curto o Journey desde o início da minha carreira. Gravei em casa, para ser uma coisa mais intimista e também para mostrar que estamos cumprindo o isolamento”, afirma.

Depois do fim da quarentena, o mercado vai mudar, acredita Bauxita. “Essa coisa da internet, lives e redes sociais veio para ficar e nos ajudar. Teremos de nos reinventar. Mas a vontade, mesmo, é estar no palco, sentindo a energia da galera naquela troca maravilhosa. Como diz o meu amigo Flausino, do Jota Quest, dias melhores virão.”




SAUDADE

Alexandre da Mata, integrante das bandas Seu Madruga e Black Dogs, gostou da experiência. “É uma iniciativa legal o Circuito do Rock promover esse vídeo, principalmente para trazer alegria ao público em quarentena, com saudade de ver as bandas. Foi uma experiência nova para mim, nunca havia participado de um vídeo com 40 músicos tocando e cantando”, diz ele. Alexandre gravou com a mulher, a guitarrista Cínara Motta. “É um prazer tocar ao lado das feras da cena rock mineira”, diz o músico, lembrando que o vídeo reuniu três gerações de artistas.



Na opinião da cantora e técnica vocal Lorena Amaral, a canção-tema “traz uma mensagem bem legal nestes tempos de COVID-19”. Ela gravou a sua participação em casa. “Fiz a música inteira e não sabia como foi. Fiquei naquela expectativa de ver o resultado... Quando ele veio, fiquei maravilhada.” Segundo ela, o clipe a fez se sentir acolhida. “É legal perceber o quanto nós, músicos, podemos ser unidos e o quanto estamos nos ajudando nestes tempos de quarentena.”

Elvis Krause, vocalista da banda Velotrol, gostou da proposta de mutirão. “A ideia é mostrar que estamos isolados, mas isso é momentâneo. A gente deve ficar em casa e aguardar, pois em breve estaremos tocando tanto no Jack quanto no Lord.”

Quando o convite chegou, havia um mês que Elvis não cantava. “Gostei da canção, pois ela fala para acreditar, não desistir. O vídeo trouxe motivação para todos nós do Velotrol, pois ficamos sem tocar, sem renda e sem contato com o público. Com o vídeo passando nas redes e plataformas, estamos tendo uma resposta grande. O pessoal está curtindo, mandando abraços e dizendo que está com saudade de nos ouvir”, afirma. E avisa: “Continuamos fazendo as nossas lives.”



ÓRFÃO

O guitarrista Guilherme Pacote conta que fez seu último show em 16 de março no Jack, com a banda Laranja Mecânica. “Depois disso, entramos em confinamento. Fiquei meio órfão... Tocar, além de ser a coisa que mais amo fazer, é o meu sustento. Sobrevivo assim”, revela.

Pacote se apresenta com as bandas Metallica Cover Brazil, Hard and Heavy, Laranja Mecânica e Mary Pops. “Pra mim, (a quarentena) foi um baque, pois de uma hora para outra me vi obrigado a cancelar todos os shows.”

Don't stop believin' é especial para ele. “Gravei a guitarra em casa e mandei, o resultado ficou incrível. Foi uma ideia espetacular, mostra que a galera da música está unida. Apesar de tudo, os músicos estão se reinventando. Eu mesmo faço minhas lives e as coloco nas redes.”

DON'T STOP BELIEVIN'
• Vídeo com 40 músicos de MG
• Informações: https://www.youtube.com/watchv?=xMqDG9Ekkf8&feature=youtu.be