Com sua obra, Sérgio Sant'Anna influenciou autores das novas gerações. O escritor Marçal Aquino, que divide com Beto Brant o roteiro do filme Crime delicado (2005), adaptado do livro homônimo do carioca, diz que Sant'Anna “foi um escritor muito generoso e acolhedor com os novos (autores) que o contatavam”.
“Para além da amizade, tive a oportunidade de dizer o quanto a literatura que ele fazia foi importante para a geração da qual faço parte. Sérgio vai ficar entre nós e estará mais vivo do que nunca cada vez que alguém abrir um livro dele e se encantar com uma das prosas mais inquietas que alguém já produziu neste país”, comentou.
O presidente da Companhia das Letras, Luiz Schwarcz, anunciou que vai lançar um novo livro de Sérgio Sant’Anna. A editora tem em catálogo 16 obras do escritor carioca.
Ex-aluno de Sant'Anna na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o mineiro Sérgio Rodrigues é um grande admirador da obra do xará. “Nunca mais parei de aprender com ele. Uma perda tão grande que nem dá pra mensurar neste momento”, afirma o autor de O drible (2013) e A visita de João Gilberto aos Novos Baianos (2019).
Poeta, escritora e professora na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Maria Esther Maciel define Sérgio Sant’Anna como um escritor “magnífico” e uma pessoa “singular”.
“Ele incursionou na poesia, no romance, na novela, mas fez do conto o seu território literário por excelência. Como mestre da narrativa, experimentou formas e criou histórias fascinantes, além de ter sido um irônico observador da realidade brasileira”, comenta ela.
“Sua morte é triste demais para quem o conheceu e ama sua literatura. Neste momento trágico e infernal do nosso país, essa perda só torna ainda mais terrível o beco sem saída que estamos vivendo. O único consolo é que os livros deixados por ele estão mais vivos do que nunca”, diz.
MESTRE
“Profundo lamento pela morte do Sérgio Sant'Anna, mais uma vítima da COVID-19. Um mestre do conto que vinha enfileirando livros brilhantes e sensíveis”, postou o escritor Daniel Galera nas redes sociais.
“Ninguém andava mais indignado com o estado fascista das coisas do que Sérgio Sant'Anna. Mestre da ficção, perguntava como chegamos à realidade bolsonarista. Lá se foi o artista do conto brasileiro, como em um voo da madrugada, vítima de coronavírus. Descanse em paz”, despediu-se o jornalista e escritor pernambucano Xico Sá.
Em seu perfil no Twitter, a ex-presidente Dilma Rousseff prestou homenagem ao escritor. “Cronista inovador, autor de tramas engenhosas, foi merecidamente premiado e deixa entre nós um grande número de admiradores. O Brasil empobrece culturalmente a cada dia. Meus sentimentos à sua família.”
O governador de São Paulo, João Dória (PSDB), associou a morte do escritor às 10 mil vítimas fatais da COVID-19 no país. “Uma grande perda para a literatura brasileira”, lamentou.
“Adeus ao nosso mestre das narrativas curtas, com inesquecíveis 50 anos de literatura. E pensar que seu primeiro livro se chama O sobrevivente. Mas ninguém sobrevive ao horror do Brasil. Muito menos os gênios”, afirmou o escritor Fabrício Carpinejar.