Jornal Estado de Minas

Rapper Rael se lança no jogo


As vibes positivas são o território de Rael desde o início de sua carreira, há quase 20 anos, quando ele surgiu no hip- hop nacional trazendo seu violão e agregando ao rap elementos do reggae e referências da MPB. Não é por acaso que seu novo EP, recém-lançado pela Laboratório Fantasma, leve como título Capim-cidreira (Infusão).



O disco traz três canções do trabalho anterior (Capim-cidreira, de 2019), duas de Ainda bem que eu segui as batidas do meu coração (2013) e uma música inédita, Rei do luau, gravada em parceria com a cantora Iza. Em comum, as texturas adaptadas para o violão e a qualidade inspiradora das batidas e letras.

A participação dos fãs foi fundamental para o ânimo do músico: assim que ele começou a pensar no projeto, passou a trocar ideias com os fãs em lives realizadas na madrugada ("É a minha Madrugada Gang", brinca Rael por videoconferência).

Nos cerca de 20 anos em que trabalha com música, Rael diz que nunca tinha parado de fato – a necessidade do isolamento social, então, serviu para ficar mais perto do filho e da família. A quarentena, porém, não o deixou alheio ao que se passava no mundo, e o lançamento do EP foi adiado em quase um mês por conta dos protestos antirracistas na esteira do assassinato de George Floyd pela polícia dos Estados Unidos.



DOR "Naquela semana, eu me senti impotente e com aquela dor. Há 20 anos a gente fala e traz sempre esses assuntos. A consciência que aparece é a de que as instituições estão esgotadas. Como é que no meio da pandemia tem jeito de aumentar índice de letalidade da polícia? Eles estão atrapalhando a gente de se organizar", afirma o cantor.

Rael diz estar também discutindo e buscando meios mais eficazes do que "só ficar no Twitter falando e soltando música". "Temos que pensar: tela preta vai adiantar? Qual é o papel da sociedade numa economia com inclusão do negro, dos direitos básicos? Olha o que o mundo está mostrando. Como o país vai crescer, se 55% da população é tratada como lixo?"

O Laboratório Fantasma e Rael fizeram uma parceria com o jogo Avakin Life, da produtora inglesa Lockwood Publishing, disponível gratuitamente para Android e iOS. Desde esta sexta (10) até a próxima terça-feira (14), um espaço no jogo vai exibir em looping algo como um show do cantor, desenvolvido especialmente para a plataforma.

Espécie de The sims para celular, em Avakin o jogador cria um personagem e pode estilizar seu vestuário e apartamento, trabalhar, interagir com os outros jogadores, ter um cachorro. O jogador pode também viajar para diversos locais, como praias, festas temáticas, concursos de moda – e shows.



"Nós já tínhamos feito isso antes, mas esse vai ser o primeiro como um lançamento, com um cenário novo e exclusivo", explica o general manager do Avakin Life para Brasil e América Latina, Carlos Estigarribia. Ele acredita que a troca entre as indústrias dos games e da música pode ser ainda maior. "Vemos isso como uma maneira de trazer mais música para dentro do jogo. Agora, essa experiência com o Rael é também uma experiência de estar junto, num momento como esse, com a necessidade de isolamento social." (Agência Estado)