Com o single Essas canções de amor, os irmãos Rogério Flausino (Jota Quest) e Wilson Sideral homenageiam o cantor e compositor Cazuza (1958-1990), nos 30 anos de sua morte. Composta por Sideral em 2016, a partir do poema Não reclamo, de Cazuza, a música está disponível nas plataformas digitais.
O poema ganhou uma versão à la rock/blues e faz parte do repertório do show Flausino e Sideral cantam Cazuza, com o qual os irmãos fizeram seu tributo, há quatro anos, a um dos nomes mais importantes do rock nacional. Cazuza morreu aos 32 anos, em decorrência da Aids, mas deixou uma obra extensa.
Os direitos autorais de Essas canções de amor serão destinados às obras da Sociedade Viva Cazuza, fundada por Lucinha Araújo, mãe do cantor e compositor. “O lançamento integra um esforço artístico-solidário de manter viva a memória de um dos mais importantes ícones da cultura pop brasileira, bem como garantir a sobrevivência daquela instituição”, diz Sideral.
Ele comenta que a ideia de musicar um poema de Cazuza surgiu depois que Flausino se encontrou com Lucinha. “Meu irmão cantou umas músicas de Cazuza, ela ficou emocionada e disse: ‘Que legal, não sabia que você era tão fã do meu filho, que você gosta tanto e até sabe cantar tudo’. Flausino então disse para ela: ‘Você não imagina, eu e meu irmão Sideral temos um projeto no qual cantamos somente músicas dele, que é um dos nossos’.”
A partir daí, segundo Sideral, a conversa se transformou num “namoro”, e Lucinha enviou para Flausino o livro Preciso dizer que te amo - Toda a paixão do poeta, antologia que reúne, além de letras e poemas já gravados, outros 65 textos não musicados, encontrados por ela, em cadernos e anotações do filho. “Flausino falou de mim para ela, contou que eu era compositor e que iria nadar de braçadas diante daquele livro.”
Ao receber o livro, Sideral conta que foi puro entusiasmo. “Imagina, para mim, compositor apaixonado por Cazuza, que adora fazer música, tendo à minha disposição aquele lindo material, com poemas escritos mas não musicados? Marquei uns seis poemas, sendo alguns lindos na sua essência e outros inacabados.”
ESPECIAL Essas canções de amor estava no repertório do show dos irmãos, mas ainda não tinha sido gravada. “Era um momento especial na turnê, quando parávamos a apresentação, e Flausino dizia para a plateia: ‘Pessoal, agora vamos mostrar para vocês uma canção ainda inédita. É que tivemos acesso aos poemas de Cazuza, e Sideral musicou um deles, que agora vamos mostrar para vocês.' A galera adorava e, no final da música, cantava o refrão conosco.”
Não era no contexto de isolamento social devido à pandemia do novo coronavírus que Flausino e Sideral planejavam lançar o single e homenagear Cazuza. “Essa pandemia foi um desastre e atrapalhou os planos. Pensamos: Vamos ficar guardando essa canção? Que nada, vamos lançá-la. Não queríamos esperar mais, pois não sabemos nem mesmo o dia de amanhã. Aí decidimos gravar e lançar o single, pensando que depois vêm outras coisas e puxam o projeto para algo maior, uma vez que outros compositores também foram convidados para musicar poemas de Cazuza.”
Ele revela que já musicou outros, que ainda não podem ser mostrados.Um mês antes da data redonda dos 30 anos da morte de Cazuza (o último dia 7), os irmãos começaram a se movimentar para lançar o single. “Saímos correndo. Fui em busca de imagens da nossa turnê para editar o videoclipe. Por outro lado, ele também saiu procurando outras frentes, como a arte, escrever o release, bolar a capa do single. Fizemos tudo num tempo recorde. É trabalhoso, porque, mesmo tendo só os aplicativos, é preciso ter um time, pois são necessários no mínimo uns 15 dias para liberar a entrada do material nos aplicativos. Felizmente, conseguimos organizar tudo com a urgência necessária.”
Sideral explica que o clipe é o registro da gravação da música. “É um videoclipe, mas documental, com a gente gravando a faixa, junto com a banda. Inclusive, existem mais coisas de bastidores, mas estou esperando passar uns dias para poder fazer uma espécie de making of, ou seja, um documentário com a gente falando dessa emoção de musicar um poema de Cazuza e gravar em família.”