Quase no final do último episódio da série Diário de um confinado, o público percebe que nesse período de isolamento a vida de Bruno Mazzeo está mais animada que a de Murilo. Ao contrário do personagem criado e interpretado por ele, Bruno não está sozinho em casa. Além da mulher, a diretora da série, Joana Jabace, Bruno passa o isolamento com os filhos. Naquele episódio, os gêmeos, José e Francisco, interrompem a gravação em busca de chocolates."A nossa certeza era poder provar pra gente mesmo que, apesar desta pandemia, vamos nos reinventar. Todo artista vai dar um jeito de se comunicar, independentemente do momento que esteja vivendo"
Bruno Mazzeo, ator
Bruno conta que viver com os filhos trancados em casa há mais de 100 dias não é fácil, mas está sendo menos difícil do que imaginava. “Pensei que eles ficariam enlouquecidos fechados, que subiriam pelas paredes. Moramos em um apartamento sem varanda, sem espaço aberto. Mas, pelo contrário. Ficaram tão felizes de terem os pais full-time, 24 horas por dia, sete dias por semana. Até que estão nos ajudando muito. Não está sendo desesperador. Cansativo é, não dá pra negar”.
Disponível na plataforma Globoplay, Diário de um confinado terá seu último episódio exibido no próximo sábado (25). A ideia de um programa feito em casa surgiu do desejo criativo de Joana. “Eu estava ainda sem conseguir pensar em nada, com trabalhos interrompidos. Ela também quis aproveitar a peculiaridade de ter uma diretora, um autor e um ator no mesmo ambiente e ainda ter a Debbie (Débora Bloch) como nossa vizinha”, relembra Bruno.
Duas semanas após muita conversa, marido e mulher chegaram ao formato e ofereceram à Globo. “A nossa certeza era poder provar pra gente mesmo que, apesar desta pandemia, vamos nos reinventar. Todo artista vai dar um jeito de se comunicar, independentemente do momento que esteja vivendo. Essa é uma delas”, acredita o ator.
Todos os trabalhos de Bruno Mazzeo têm, como ele reconhece, um pé bem fincado na autobiografia, mesmo que seja necessária uma adaptação para caber dentro do perfil daquele personagem. Como é o caso de Murilo. “Não posso dizer que ele sou completamente eu, porque nossa estrutura de vida é bem diferente. Ele é um solteirão. Eu, ao contrário, sou casado. Mas passando por algumas situações pelas quais ele passa também, como o fato de estarmos privados de nossas vidas normais”.
Todos os capítulos foram filmados no apartamento de Bruno, que contracenou apenas com a vizinha Débora Bloch, com distância determinada pela fita métrica usada por Adelaide, a personagem interpretada por ela, e com Matheus Nachtergaele, o Jaime, numa cena de rua. O restante do elenco (Lúcio Mauro Filho, Fernanda Torres, Renata Sorrah, Lázaro Ramos, Georgette Fadel, Luciana Paes, Angela Rabelo, Arlete Salles e Marcos Caruso) que faz participações especiais nos 11 capítulos atuando em suas casas.
FORTALECIDOS
A série atende a um antigo desejo de Bruno, o de ser dirigido pela mulher, Joana Jabace. Eles já haviam trabalhado em duas produções – a novela A regra do jogo e na primeira temporada de Filho da pátria – mas não se cruzam no set. “Sou grande admirador do trabalho dela, da grande sensibilidade artística”. Sobre o fato de trabalhar juntos, Bruno diz que o casal saiu ainda mais fortalecido. “Claro, houve embates, discussões de ideias como qualquer relação autor/diretor. A diferença é que não discutíamos cenas no Projac, mas dentro de casa, com tudo misturado. Eu e ela em casa, um filho no colo, outro correndo. Saímos mais fortalecidos em todos os sentidos. O casamento também”.
A pandemia pegou Bruno no meio de alguns projetos. Fim, adaptação do livro homônimo de Fernanda Torres para a série, era um deles. As gravações da Escolinha do professor Raimundo, que se iniciariam em maio, também foram suspensas. Um podcast está pronto, mas sem data de estreia. Um filme também estava nos planos de Mazzeo, que prevê mudanças. “Com a pandemia, aquele pensamento ficou velho. Na hora certa terei de adaptar o conflito dramatúrgico”.