Jornal Estado de Minas

AUDIOVISUAL

Michelle Obama e Kim Kardashian aderem à onda dos podcasts

Gwyneth Paltrow recebe o primeiro time de Hollywood para falar de estilo de vida e promover sua marca (foto: FREDERIC J. BROWN /AFP)


Inventada despretensiosamente pelo jornalista britânico Ben Hammersley em 2004, a palavra podcast dá nome a programas de áudio cujo grande diferencial é poder ser ouvidos sob demanda, na internet. Recentemente, os podcasts se tornaram uma tendência mundial que impulsiona a produção de conteúdo sobre diversos temas, pelas vozes mais distintas.


 
Atentas à popularidade do formato, algumas celebridades norte-americanas têm se aproveitado da força de seus nomes para criar produtos próprios em podcast, chamar a atenção para as causas e assuntos que defendem e explorar um campo do entretenimento ainda em expansão.
 
Oprah Winfrey gravou dois episódios de seu programa com o escritor brasileiro Paulo Coelho (foto: SUZANNE CORDEIRO/AFP)
 
 
Um nome de peso que entrará para esse time é o da ex-primeira-dama Michelle Obama, a mulher mais admirada dos Estados Unidos, segundo pesquisas de opinião feitas em seu país. A partir do próximo dia 29, Michelle terá um programa para chamar de seu, exclusivamente no Spotify.
No The Michelle Obama Podcast, produzido pela Higher Ground, empresa fundada pelo casal Michelle e Barack Obama, ela irá conversar com familiares, como sua mãe e seu irmão, colegas e amigos, além de entrevistar algumas personalidades.


 
''Minha esperança é que esta série possa ser um lugar para explorarmos juntos questões significativas e analisar as diversas perguntas que todos estamos tentando responder'', anunciou Michelle, por meio de um vídeo divulgado nas redes sociais.

CONVERSAS DIFÍCEIS ''Talvez, acima de tudo, espero que este podcast ajude os ouvintes a ter novas conversas - e conversas difíceis - com as pessoas que mais se importam. É assim que podemos ter mais compreensão e empatia pelo outro'', acrescentou.
 
No Brasil, Emicida aderiu ao formato e lançou podcast como derivado de seu novo disco (foto: Julia Rodrigues/Divulgação)
 
 
Desde que o democrata Barack Obama deixou a presidência, em janeiro de 2017, Michelle tem utilizado seu carisma e reconhecimento para se manter na ordem dos assuntos do dia e gastar um pouco do capital político conquistado durante os dois mandatos do marido.


 
Em novembro de 2018, ela lançou a autobiografia Minha história, que vendeu mais de 11,5 milhões de exemplares no mundo todo. A publicação foi acompanhada por uma série de conferências que reuniram pessoas em vários países, além de um documentário homônimo ao livro, lançado em maio pela Netflix.
 
Outra celebridade que decidiu apostar nos podcasts é Gwyneth Paltrow. The goop, além de ser o nome da marca de lifestyle da atriz, também é um programa que ela mesma comanda, ao lado de Elise Loehnen, CEO da empresa.
 
(foto: David Livingston/Getty Images/AFP)
 
 
Nos episódios, as duas conversam com pensadores, agitadores culturais, gurus, médicos e até curandeiros sobre modos de vida alternativos - ou como encarar a realidade contemporânea.


Entre convidados anônimos e especialistas em assuntos como detox e psicologia, Gwyneth lança mão de sua agenda pessoal para convidar amigos famosos que possam conversar sobre estilo de vida. Para se ter uma ideia, a requisitada apresentadora Oprah Winfrey foi a primeira convidada do programa, que também já contou com Olivia Wilde, Sarah Jessica Parker, Stella McCartney e Michelle Pfeiffer, entre outras estrelas de Hollywood, .

RESPOSTAS Oprah também coloca em prática seu talento como entrevistadora no podcast Supersoul conversations, lançado em agosto de 2017. Nele, a apresentadora e empresária conversa com autores e líderes espirituais, bem como outras celebridades, com o objetivo de “ajudar as pessoas a encontrar as respostas para muitas das perguntas da vida”. Ambicioso, no mínimo.
 
Entre os convidados estão o escritor brasileiro Paulo Coelho (cuja entrevista foi dividida em duas partes), a cantora Alanis Morissette, e as atrizes Julia Roberts e Jane Fonda. Todos eles se sentam para discutir questões existenciais, como ''Qual é o seu momento decisivo?'', do episódio que recebeu a ativista pró-educação paquistanesa Malala Yousafzai.


 
Conhecido pela imitação que faz de Donald Trump no humorístico Saturday night live - o que lhe rendeu um Emmy em 2017 - o ator Alec Baldwin comanda o Here's the thing. Concebido para ir ao ar em rádios dos Estados Unidos, os episódios estão disponíveis no streaming.
 
No programa, o ator realiza entrevistas com uma série de figuras públicas, incluindo artistas, políticos e celebridades. Criado em 2011, o podcast já recebeu Kris Jenner, Lena Dunham e Spike Lee. Desde o início da pandemia, Baldwin tem entrevistado os convidados remotamente, o que compromete, em parte, a qualidade do áudio das conversas. Ainda assim, o fato de todos estarem confinados contribuiu para que ele conseguisse entrevistar, na mesma semana, os cineastas Woody Allen e David Lynch, por exemplo.
 
Além de estrelar o reality Queer eye, Jonathan Van Ness é a voz por trás do podcast Getting curious, no qual ele aborda questões políticas e pessoais entrevistando especialistas de uma ampla variedade de áreas.


 
Numa semana ele está discutindo igualdade econômica e direitos da comunidade LGBTQI%2b, e na outra está perguntando ao estilista Christian Siriano: ''Como você se tornou tão feroz?''.
 
Já o apresentador e drag queen RuPaul Charles, ao lado de sua fiel escudeira Michelle Visage, comanda o podcast de comédia What's the tee?. Nele, os anfitriões discutem uma ampla variedade de assuntos e contam com a presença de outras celebridades como convidadas.
 
Essas, por sua vez, em geral são as juradas e jurados convidados do reality show RuPaul's drag race, além de, eventualmente, receber as concorrentes que passaram pela competição.

EMICIDA No Brasil, o rapper paulista Emicida estreou, em abril, já durante a quarentena, o podcast AmarElo - O filme invisível, com o objetivo de desvendar as referências de seu mais recente disco de estúdio, lançado no final de 2019.


 
“Um mergulho nas referências sonoras, visuais, sensoriais e espirituais do projeto AmarElo. A ousada incursão de Emicida rumo a uma nova forma de perceber a música rap e também a própria existência. Uma viagem sonora pelo vasto universo criativo que o artista batizou de neo-samba”, explica a sinopse do programa, com três episódios publicados.
 
No final de junho, quem estreou nesse formato foi a apresentadora Adriane Galisteu com Fala Galisteu. Nele, ela explora diversos temas relacionados ao universo feminino e os desafios impostos às mulheres em suas trajetórias profissionais.
 
Outra prova de que os podcasts estão em sua era de ouro é o fato de que alguns programas estão sendo transformados em séries, como é o caso de Homecoming, da Amazon Prime.
 
Dirigida por Sam Esmail, criador da consagrada Mr. Robot, a produção é um thriller psicológico baseado em um podcast homônimo. A primeira temporada foi estrelada por Julia Roberts. Já a segunda, que chegou ao streaming em maio passado, é protagonizada por Janelle Monáe.


A história real por trás de Dirty John, da Netflix, veio à tona, inicialmente, em um artigo do Los Angeles Times. Posteriormente, o caso virou tema de podcast. Mais tarde, a plataforma de streaming decidiu comprar os direitos da história para transformá-la em série dramática.
 
Por aqui, o Caso Evandro, tema da quarta temporada do podcast Projeto Humanos, será adaptado para uma série documental. Criado por Ivan Mizanzuk, o projeto usa o formato de narração de histórias de ficção para contar casos criminais reais que marcaram a história do país.
 
A quarta temporada narra os desdobramentos do desaparecimento do menino Evandro Ramos Caetano, em 6 de abril de 1992, na cidade de Guaratuba, no litoral do Paraná. Ele tinha apenas 6 anos e seu corpo foi encontrado poucos dias depois, sem as mãos, cabelos e vísceras. Em julho do mesmo ano, sete pessoas foram presas, acusadas de terem usado o garoto em um ritual macabro. O caso ficou popularmente conhecido como “As Bruxas de Guaratuba”.


 
 KIM ENTRA NA ONDA

A socialite Kim Kardashian (foto) fechou um acordo com o Spotify para apresentar um podcast relacionado à reforma do sistema penal dos Estados Unidos. O programa, que será lançado exclusivamente pela plataforma de streaming, mostrará o trabalho de Kim com o The Innocence Project, organização sem fins lucrativos que luta contra condenações ilegais. Mais conhecida por desenvolver produtos de beleza e moda, além de documentar sua vida no programa Keeping up with the Kardashians, ela se interessou pelo assunto depois de ajudar a libertar duas mulheres da prisão nos EUA. Atualmente, Kim Kardashian estuda para se tornar advogada e tem sido envolvida, ainda que involuntariamente, nas declarações polêmicas do marido, o rapper Kanye West, desde que ele anunciou que disputaria a Presidência dos Estados Unidos, na eleição de novembro deste ano.