Considerado um dos “arquitetos” da música brasileira, Marku Ribas (1947-2013) terá um dos seus melhores álbuns relançado pela revista Noize. O icônico LP independente, que leva o nome do artista, foi lançado em 1983 e teve pouca distribuição, tornando-se uma raridade, mas que deve fazer parte de qualquer discoteca. Gravado no Rio de Janeiro, o disco traz participações de nomes importantes, como o pianista, acordeonista, cantor, compositor e arranjador João Donato e a cantora e atriz Zezé Motta.
Em edição especial, que será lançada em setembro, a revista virá acompanhada do vinil, sendo que o disco será relançado pela Noize Record Club e traz as músicas Brasil com Z, Karijó e Urubu é meu lôro. O LP sai em um kit exclusivo, acompanhado da nova edição da Noize e trará fotos inéditas, depoimentos e matérias sobre o universo do álbum e do artista. Os fãs de Ribas podem conseguir o kit através do site www.noizerecordclub.com.br ou pelo Instagram @revistanoize.
“A cada mês, a Noize traz um artista. Setembro é a vez de meu pai. Outubro será o Marcelo D2. Os discos vêm todos no formato vinil. Isso foi uma iniciativa da própria revista, que já havia manifestado a vontade de lançar algo sobre a obra markuniana”, conta a cantora e filha de Marku, Júlia Ribas.
Entre os depoimentos estão o de João Donato e Zezé Motta. “A discografia de meu pai é mostrada pelo músico Eduardo Brechó. Já Ed Motta comenta faixa por faixa do disco. Além disso, tem também depoimentos meu, de Júlia, e de nossa mãe, Maria de Fátima. Há também uma parte dedicada à filmografia. Geralmente quando o artista está vivo, ele mesmo sugere. Nesse caso, eles fizeram e ficou muito legal. Aliás, o trabalho ficou muito bonito e merece ser visto. Creio que ter um disco tão raro é muito bom”, ressalta a outra filha de Markus, a atriz Lira Ribas.
Marku é uma produção do próprio Ribas e foi gravado tão logo ele deixou a gravadora Polygram, da qual era um dos contratados. “O que aconteceu foi que a gravadora queria que Marku gravasse um disco só de samba. Meu pai não concordou dizendo que gostava do ritmo, mas que não fazia somente sambas. Propôs gravar o LP com 12 músicas, sendo que de um lado seria somente sambas e do outro, livre criação. A gravadora bateu o pé dizendo que queria um disco com sambas. Marku não concordou, rescindiu o contrato e lançou esse disco de 1983”, conta Júlia.
LIBERDADE
Ela ressalta que Marku Ribas decidiu lançar somente mil cópias do LP. “Esse foi o sétimo disco dele. Vendeu muito no Rio de Janeiro e no interior de São Paulo, principalmente em Campinas. Por isso, se tornou raro em Minas. Naquela época, meu pai estava morando no Rio de Janeiro. Esse álbum é uma obra-prima e teve participação de músicos importantes, como o baixista Luisão Maia”, detalha Júlia.
Em seu depoimento, Ed Motta ressalta a liberdade de criação e sonoridade que era uma marca de Ribas. ”Meu pai gostava muito de trabalhar a criatividade mais solta. Nesse disco mesmo, ele usa várias coisas que ainda não tinha usado nas gravações anteriores. Foi um período um pouco difícil, pois, naquela época, os artistas dependiam muito das gravadoras. Para sair, era meio complicado, pois havia um custo para isso. Mas ele preferiu seguir a sua intuição e fez esse belíssimo LP”, relembra Lira.
A duas irmãs, que estão com projetos para acervo da obra markuniana, comemoram o lançamento do disco. Marku sempre esteve à frente do seu tempo, garantem. O músico nasceu em Pirapora, no Norte de Minas, e sempre gostou de misturar ritmos, desde as nuances regionais às diversidades sonoras da música brasileira. O artista fez com que a batuques, poemas e harmonias ocupassem espaços universais para muito além das margens barranqueiras do Rio São Francisco.
TRAJETÓRIA
Cantor, compositor, instrumentista e ator, Marku Ribas era um músico tão versátil que navegava por diversos ritmos. Certa vez, flertou com o rock and roll e chegou a participar do videoclipe de Just another night, de Mick Jagger, gravado no Rio de Janeiro, em 1984. Dois anos depois, em Paris, participou como percussionista da gravação do álbum Dirty work, dos Rolling Stones, tocando na faixa Back to zero.
Como ator, Ribas atuou nos filmes Exu-Piá, coração de Macunaíma (1987), de Paulo Veríssimo; Uma onda no ar (2002) e Batismo de sangue (2007), de Helvécio Ratton; Chega de saudade (2008), de Laís Bodanzky; e Lula, o filho do Brasil (2009), de Fábio e Luiz Carlos Barreto. Em 2007, teve lançada a coleção Zamba bem, cujo repertório foi selecionado por Ed Motta. Em 2008, já com 60 anos, o artista gravou, pelo Itaú Cultural, o seu primeiro DVD. O músico morreu em 2013, aos 65 anos, em decorrência de um câncer.
REVISTA NOIZE %2b VINIL MARKU
Lançamento em setembro
Onde comprar: www.noizerecordclub.com.br ou pelo Instagram @revistanoize.
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