Jornal Estado de Minas

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Bastidores de Messi no Barça estão em documentário da Netflix


O noticiário esportivo foi dominado nesta semana por uma notícia que parecia inimaginável para os fãs de futebol: o craque argentino Lionel Messi manifestou o desejo de deixar o Barcelona. 

A história de 20 anos no clube catalão, onde se formou jogador e conquistou todas as glórias da carreira, tornando-se um dos maiores jogadores da história, se desgastou com fracassos recentes, especialmente a goleada de 8 a 2 ante o Bayern de Munique, nas quartas de final da Liga dos Campeões da Europa.





Messi nem sequer se reapresentou para o primeiro treino da nova temporada, iniciada na última segunda-feira (31). No entanto, ele anunciou ontem (4) que permanecerá no clube até 2021, encerrando a perspectiva de uma saída litigiosa.  

O episódio é um lembrete de que a trajetória dos atletas mais consagrados também guarda aspectos dramáticos, conflituosos ou, no mínimo, curiosos. Em muitos casos, eles são objeto de interesse de cineastas e documentaristas.

Tropeços, intrigas, disputas, crises, com finais felizes ou não, já foram temas de filmes e séries, alguns deles disponíveis nos principais serviços de streaming. 

Lançada neste ano, a série Matchday: FC Barcelona documenta os bastidores do time em oito episódios. A narrativa começa em uma grandiosa goleada sobre seu maior rival, o Real Madrid, e acompanha o dia a dia do clube durante a temporada 2019, na qual nem tudo dá certo. 

Com cenas gravadas nos vestiários e no centro de treinamentos, é possível compreender melhor a dimensão da importância de Messi para o clube e como é sua relação com os companheiros.





Avesso a entrevistas, a ponto de ficar meses sem falar com a imprensa, na minissérie é possível ouvir depoimentos do craque e acompanhar conversas dele com os outros jogadores. Até cenas do craque comendo e bebendo vinho, bem descontraído, com o atacante uruguaio Luis Suárez, de quem é amigo, são registradas. 

Se a genialidade futebolística de Messi chega perto da de seu compatriota mais grandioso no esporte (divinamente incomparável para muitos admiradores), fora de campo La Pulga é amplamente superado em polêmicas e desacertos por Diego Maradona. 

Em 2019, a trajetória errática, mas cativante de El Diez foi tema de um documentário selecionado para o Festival de Cannes. A direção é do britânico Asif Kapadia, vencedor do Oscar de Melhor documentário em 2016, com Amy, sobre a cantora britânica Amy Winehouse (1983-2011). Ele também é responsável por Senna (2010), sobre o piloto brasileiro, disponível na Netflix.





El Diez pediu aos seus fãs que boicotassem o documentário Diego Maradona, depois que a campanha de divulgação do filme o chamou de %u201Cvigarista%u201D (foto: HBO/Divulgação)

FORA DE CAMPO

No filme Diego Maradona são usadas imagens de arquivo de bastidores e cenas do jogador em campo para contar a conturbada vida de Diego fora dele. Embora resgate até mesmo a infância de Maradona, o foco principal é o período que vai do fim dos anos 1980 ao começo dos 1990, quando ele vai para a Itália jogar no Nápoli, onde se consagrou, mas foi pego pela primeira vez no exame antidoping por uso de cocaína. 

O ex-jogador, que em sua autobiografia Yo soy el Diego de la gente (2006, Editora Planeta) classifica esse episódio específico como uma "armação", não deu depoimentos para o filme de Kapadia. 

Na verdade, o ídolo argentino ficou insatisfeito com o cartaz que divulgava o longa em Cannes, no ano passado. A peça anunciava:  "Diego Maradona – Rebelde, herói, vigarista e deus". Maradona não concordou com a palavra "vigarista". 





"Se eles querem atrair o público assim, estão equivocados. O título não me agrada, e se o título não me agrada, o filme não me agradará. Não vão vê-lo", disse Maradona à rede Univision, pedindo um boicote dos fãs ao filme. No Brasil, o documentário está disponível no serviço sob demanda Sky Play. 

O eterno camisa 10 também é tema de uma série documental da Netflix. Maradona no México, lançada em janeiro deste ano, mostra em sete episódios a trajetória de Diego como treinador do modesto Dorados, da Segunda Divisão mexicana, entre 2018 e 2019. 

A produção acompanha a rotina do craque, desde sua chegada a Culiacán, coração do temido cartel de drogas de Sinaloa, disposto a reerguer a própria carreira de técnico e também a colocar o time na elite do futebol do país. 





O roteiro toca em pontos delicados, como a internação de Maradona numa clínica em Buenos Aires, deixando o time à própria sorte, exibida no quinto episódio. Sua história como jogador também é recontada, já que foi no México que ele atingiu seu auge, vencendo a Copa do Mundo de 1986.

O esporte mais popular do mundo não é o único a render boas histórias aos documentaristas. O primeiro Oscar para uma produção original da Netflix foi de Melhor documentário, em 2018, com Ícaro, dirigido pelo ciclista amador e cineasta Bryan Fogel. 

No filme, ele se infiltra em um laboratório dedicado à melhora de desempenho esportivo por meio de medicamentos proibidos, junto com o cientista russo Grigory Rodchenkov, e acaba revelando um escândalo de doping que envolve figuras políticas importantes, como o presidente russo, Vladimir Putin, e o então presidente do Comitê Olímpico Internacional Thomas Bach.





Ícaro está disponível na plataforma de streaming, assim como A atleta. Lançado em junho deste ano, o longa de Bonni Cohen e Jon Shenk acompanha as ginastas norte-americanas que denunciaram o médico Larry Nassar, da equipe olímpica de ginástica dos EUA, por abusos cometidos ao longo de anos. 

A atleta aborda os abusos sofridos ao longo de anos por ginastas americanas pelo médico da equipe olímpica Larry Nassar    (foto: Netflix/Divulgação)

FÓRMULA 1

Bastidores menos polêmicos são mostrados em Drive to survive, também da Netflix, que tem duas temporadas disponíveis na plataforma. A série documental mostra como é a Fórmula 1 atual fora das pistas, detalhando disputas pessoais entre pilotos da mesma equipe e como é a relação dos competidores com os chefes delas. As cenas ajudam a entender o que motiva tantas trocas de times entre os automobilistas e como são as cobranças por resultados e a pressão à qual os pilotos são submetidos. 

Essa temática pula para o basquete na minissérie Arremesso final, um dos lançamentos mais elogiados do ano no segmento. A produção gira em torno do último ano em que o Chicago Bulls foi liderado por Michael Jordan. Os episódios mostram a obsessão de Jordan pela vitória, a relação conturbada com alguns colegas de time e a importância do treinador Phil Jackson nesse contexto. Os episódios estão disponíveis na Netflix. 
Ícaro, que revela um esquema de doping no ciclismo, envolvendo empresas e políticos, venceu o Oscar de documentário em 2018 (foto: Netflix/Divulgação)