Jornal Estado de Minas

Marçal Aquino analisa a obra de Rubem Fonseca

Quando morreu, em 15 de abril passado, aos 94 anos, o escritor mineiro Rubem Fonseca deixou uma extensa e celebrada bibliografia, que influenciou escritores e leitores Brasil afora. Um deles, Marçal Aquino, roteirista, escritor e pupilo de Fonseca, analisará a obra do autor na edição desta terça-feira (22) do projeto Letra em Cena on-line. O evento virtual ocorre às 20h, com transmissão no canal do YouTube do Minas Tênis Clube.





Além de uma conversa entre Marçal Aquino e o jornalista José Eduardo Gonçalves, criador do projeto, em torno da obra de Rubem Fonseca, haverá leitura de textos do escritor pelo ator Arildo de Barros. Para abordar o projeto literário do autor de O caso Morel, Agosto, Feliz ano novo, entre muitos outros, o convidado lançará mão de sua proximidade com Fonseca e discorrerá sobre como foi influenciado por sua obra.

''No meu trabalho, fiquei conhecido por lidar com temas policiais. Qualquer escritor que trate disso, de alguma maneira, presta tributo à obra do Rubem Fonseca. Da mesma forma, as gerações de contistas que vieram depois dele também devem ao seu trabalho. Ele deu uma cara moderna e urbana para o conto brasileiro, que antes estava muito marcado pelo regionalismo'', afirma Aquino.

Aos 62 anos, autor dos livros O amor e outros objetos pontiagudos (Geração), vencedor do prêmio Jabuti, Marçal Aquino conta que entrou em contato com a obra de Rubem Fonseca pela primeira vez na década de 1960, durante a ditadura militar (1964-1985).




PROIBIÇÃO 

"Nessa época, eu estava começando a escrever e provavelmente foi o momento mais importante da minha formação como escritor. Lembro-me de que não era fácil encontrar os livros dele. O Feliz ano novo (1975), por exemplo, foi proibido e eu consegui meio que por baixo'', diz.

O livro é um dos cinco que o jornalista considera fundamentais para compreender a obra do autor mineiro. A ele juntam-se Os prisioneiros (1963), A coleira do cão (1965), Lúcia McCartney (1969) e O cobrador (1979).

''Está aí a essência da obra de Rubem Fonseca. Quem nunca teve a oportunidade de lê-lo, pode começar por aí que terá contato com uma literatura sem abrandamentos, que retrata de forma crua a realidade'', sugere.





Também roteirista de cinema e de TV – ele assina o texto da série Carcereiros, inspirada no livro homônimo de Drauzio Varella, Aquino acredita que a atração do audiovisual pela obra de Rubem Fonseca se deve à característica de sua escrita. ''Estamos falando de uma literatura muito visual, que permite ao leitor ver o que está sendo narrado.''

Tendo sido amigo de Fonseca, ele conta que conversava muito sobre poesia com o escritor. ''Quando me perguntam se aprendi algo com ele devido à nossa proximidade, gosto de dizer que o maior ensinamento está nos livros que ele escreveu. Volta e meia retorno a eles, e é absurda a atualidade da obra e o quão prazeroso é entrar em contato com ela. Esse é o grande legado de Rubem Fonseca.''

LETRA EM CENA: 
COMO LER RUBEM FONSECA
Nesta terça-feira (22/9), às 20h, com o escritor e roteirista Marçal Aquino, no canal do YouTube do Minas Tênis Clube (youtube.com.br/minastcoficial). 

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