Não fosse a pandemia do novo coronavírus, o dia 10 de junho passado seria marcado pela abertura da exposição Björk digital em Belo Horizonte, no CCBB. Depois de passar por São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro - onde não completou sua estadia, interrompida pela crise sanitária -, a mostra permaneceria em cartaz por aproximadamente dois meses no centro cultural localizado na Praça da Liberdade.
Impedida de ocorrer num contexto em que as atividades culturais foram suspensas para evitar aglomerações e a consequente disseminação do vírus, a solução encontrada foi imergir o conteúdo da exposição em ambiente on-line.
A partir desta segunda-feira (5), o catálogo da exposição estará disponível gratuitamente na internet. Planejado especialmente para acompanhar a mostra no Brasil, o material reúne imagens exclusivas, entrevistas inéditas com diversos colaboradores da artista e curiosidades sobre os bastidores de Björk digital.
''Quando nos demos conta de que não haveria uma maneira segura de receber o público na exposição, começamos a pensar em soluções, e o catálogo surgiu como uma espécie de expansão do mundo que a Björk criou. Por isso não se trata de uma publicação tradicional. Ela traz novas informações, que permitem ao público compreender mais sobre os colaboradores que trabalham com a Björk'', afirma Jonathan Wells, diretor criativo da programação on-line.
Máscara
Outro item que será lançado para o público é um filtro de Instagram criado por James Merry, diretor criativo e braço direito de Björk, em parceria com as diretoras de criação Andrezza Valentin e Vivi Andrade. O filtro é inspirado na máscara utilizada pela cantora islandesa em apresentações ao vivo.
''A Björk está sempre cercada de artistas e criadores interessantes. Ela é uma pessoa muito atenta às inovações, e a exposição é a prova máxima disso. Esse material que proporciona uma imersão virtual no conteúdo da exposição se tornou uma oportunidade para o trabalho dela se conectar com artistas brasileiros'', comenta Jonathan.
Para completar a programação remota, Björk digital entra para o universo das lives na segunda quinzena deste mês (dias 17 e 18). Nos dois dias, convidados estrangeiros e brasileiros participam de um encontro virtual para celebrar o trabalho da islandesa.
No primeiro dia, James Merry conversa com o multiartista brasileiro Alma Negrot. Na sequência, Jesse Kanda, músico e diretor dos clipes Mouth mantra e Arisen my senses, realiza um DJ set que será antecedido por uma conversa com Linn da Quebrada.
No segundo dia, Andrew Thomas Huang, cocriador de Björk digital irá conversar com o jornalista Zeca Camargo, seguido de DJ set com participação da modelo e DJ Aisha Mbikila. Nos dois dias, a mediação dos bate-papos será feita pela atriz Bárbara Paz.
Somando passagens por Sydney, Tóquio, Barcelona, Cidade do México, Moscou, Montreal, Londres e Los Angeles, a exposição Björk digital desembarcou no Brasil em junho do ano passado, em São Paulo, no Museu da Imagem e do Som (MIS). De lá, seguiu para os CCBBs de Brasília e do Rio de Janeiro.
Concebida por Björk e James Merry,com produção do MIF (Manchester International Festival), a mostra destaca a relação da artista islandesa com a tecnologia em três partes.
A primeira é composta por quatro seções e traz os seis clipes em tecnologia imersiva das faixas do álbum Vulnicura: Stonemilker, Black lake, Mouth mantra, Quicksand, Family e Notget.
Educação
Na segunda, o público experimenta, com o uso de tablets, o projeto educativo Biophilia', realizado em colaboração com a Apple e homônimo ao disco da artista lançado em 2011. Ao final, uma sala de cinema exibe os videoclipes de toda a carreira da artista, até os mais recentes, do disco Utopia (2017).
Como a primeira parte da exposição faz uso de óculos de realidade virtual, a produtora Cinnamon, responsável pela itinerância da mostra pelos CCBBs, avaliou que seria impossível abri-la para o público, mesmo com o afrouxamento das regras de distanciamento social.
''Sem pandemia, essa já é uma exposição complicada, porque envolve uma equipe grande e o público a visita em grupos. Apesar da tecnologia, Björk digital é sobre interação'', afirma Lia Vissotto, diretora da Cinnamon.
Segundo ela, a própria Björk acompanhou de perto a decisão para lançar os conteúdos on-line. ''Em relação ao catálogo, ela aprovou todas as direções criativas. Em relação à máscara e às lives, ela teve mais confiança, já que essas são questões que foram pensadas por pessoas que já trabalham com ela.''
Questionada se a artista foi sondada para participar das lives, Lia conta que a possibilidade foi levantada, mas Björk está realizando a quarentena na Islândia, onde se preparava para voltar aos palcos ainda durante a pandemia. Marcados para o final de agosto, os shows anunciados foram adiados para o ano que vem, devido ao aumento de casos da COVID-19 no país nórdico.
A produtora também descarta a possibilidade de a exposição vir a ser aberta em Belo Horizonte num futuro próximo. ''Nós já devolvemos os materiais emprestados para a equipe internacional. Não dá para esperar uma vacina, por exemplo. O próprio CCBB tem uma rotatividade de exposições e quer dar oportunidade para outras mostras. Então, sim, a exposição está oficialmente cancelada.''
CATÁLOGO BJÖRK DIGITAL ON-LINE
Disponível a partir desta segunda-feira (5), no endereço www.cinnamon.com.br/bjorkdigital
LIVES CCBB EM CASA: IMERSÃO, ARTE E MÚSICA
- 17/10
18h – bate-papo James Merry com participação Alma Negrot - 18/10
18h – bate-papo Andrew Thomas Huang com participação de Zeca Camargo Mediação: Bárbara Paz