Halloween veio da Europa e chegou aos Estados Unidos a partir da migração de irlandeses no século 19. Feriado nacional nos EUA, o 31 de outubro, que do lado de cá do Equador começou a ser celebrado mais entre as crianças, foi devidamente incorporado à cultura pop. O Dia das Bruxas é uma boa desculpa para assistir a produções de terror, um dos gêneros mais populares (e por muitos subestimados) do cinema.
Um bom início para quem ainda torce o nariz para filmes de suspense, que evocam o medo por meio de monstros e de situações sobrenaturais, é um programa selecionado pelo CineCentro, do Centro Cultural UFMG. Sem realizar sessões desde março passado, em decorrência da pandemia do novo coronavírus, o projeto vem, mensalmente, indicando filmes em torno de grandes temas.
Neste mês de outubro, o programa CineClássico Quarentena se baseou na efeméride de O gabinete do Dr. Caligari (o clássico de Robert Wiene, produção pioneira do Expressionismo Alemão alcançou 100 anos neste 2020) para apresentar filmes importantes que beberam nessa fonte. A seleção abrange produções de 1930 a 1968, disponíveis gratuitamente na internet.
As produções exploram o medo e a ansiedade, mas sem chegar ao explícito dos filmes contemporâneos. O clima e a sugestão por vezes são capazes de mexer mais com o espectador do que o que é revelado.
DRÁCULA
A seleção do CineClássico destaca Drácula (1931, de Tod Browning), estrelado pelo húngaro Bela Lugosi, cuja encarnação do conde romeno fez dele quase um mito do cinema – para o bem e para o mal, já que Lugosi passou para a história como um ator de um papel só. Viciado em morfina, ele teve um fim de vida decadente, tornando-se astro de filmes B. Foi interpretado por Martin Landau em Ed Wood (1994), de Tim Burton.
Primeira adaptação sonora do romance de Bram Stocker, Drácula foi também o primeiro grande sucesso comercial do cinema de terror. Filme do mesmo ano, Frankenstein, de James Whale, foi interpretado por Boris Karloff, outro mito do período, porque Lugosi, já consagrado com Drácula, não quis o papel. Nesta produção, um cientista obcecado pela origem da vida recria em seu laboratório uma criatura meio homem, meio monstro.
Um dos nomes essenciais do Expressionismo Alemão é o cineasta Fritz Lang, que também em 1931 lançou M, o vampiro de Düsseldorf. A trama é baseada na história de Peter Kürten, homem que praticou vários assassinatos contra adultos e crianças naquela cidade, em 1929.
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SELEÇÃO
Da década de 1960 a seleção incluiu dois filmes: Os inocentes (1961, de Jack Clayton) e A noite dos mortos vivos (1968, de George A. Romero). Este último é um filme seminal sobre zumbis, responsável por popularizar os mortos-vivos e influenciou gerações (Quentin Tarantino, Steven Spielberg, Stephen King, só para falar de gente grande).
Com um viés bem comercial, as plataformas de streaming se apropriam do Halloween para lançar produções inéditas sobre o universo do horror. Um dos lançamentos do mês da Netflix é a comédia de mistério O Halloween do Hubie, que entra em cartaz nesta quarta-feira (7).
Um dos campeões de audiência da plataforma, Adam Sandler é Hubie Dubois, um morador alvo de zombaria de adultos e crianças na mítica cidade de Salem. Ele não tarda a descobrir que algo estranho está acontecendo em sua cidade e decide fazer de tudo para salvar o Halloween.
Outro lançamento da Netflix é Manual de caça a monstros (a partir do dia 15), um filme família que também tem o Dia das Bruxas como contexto. Inédita é a produção norueguesa Kadaver (disponível no dia 22), que, a partir de um desastre nuclear, coloca em xeque a vida de uma família que topa tudo em troca de comida.
Já O que ficou para trás (dia 30) é um terror sobrenatural sobre um casal que consegue escapar da Guerra do Sudão para o Reino Unido. Agora com sua própria residência, os dois descobrem que o pior ainda está por vir.
ACIDENTE
A Amazon Prime Video também preparou inéditos para o período. Nesta terça (6) entra no streaming Black box, produção original que acompanha um homem que perdeu a mulher e a memória em um acidente de carro. Pai solteiro, ele passa por um tratamento experimental que o faz questionar quem é.
No dia 13, estreiam dois filmes. Em Evil eye, um romance aparentemente perfeito se transforma em pesadelo quando uma mãe se convence de que o novo namorado de sua filha tem uma ligação sombria com seu próprio passado.
Também uma produção original Amazon, Nocturne acompanha duas gêmeas. Estudante de música começa a ofuscar sua irmã mais talentosa e extrovertida quando descobre um caderno misterioso pertencente a um colega de classe morto recentemente.
PROJETO CINECENTRO – CINE CLÁSSICO QUARENTENA
Os links para assistir aos filmes estão publicados nas redes sociais (Facebook, Instagram e YouTube) do Centro Cultural UFMG e no site do Centro Cultural UFMG.
Lives temáticas
O Instituto de Cinema promove ao longo deste mês uma programação on-line intensa dedicada à produção de horror. Há cursos ao vivo com nomes como o cineasta Rodrigo Aragão (Cinema de Terror Fantástico Brasileiro) e o crítico Sérgio Alpendre (Clássicos do Horror). Os cursos são pagos. Mas o Instagram da escola paulistana programou ainda uma série de lives gratuitas, sempre às 18h.
>> Nesta segunda (5) – Adaptação literária para cinema de horror (escritora Simone O. Marques)
>> Terça (6) – O horror no cinema brasileiro (crítico Carlos Primati)
>> Dia 14 – A produção de A bruxa (produtor Rodrigo Teixeira)
>> Dia 15 – A direção do filme O lobo atrás da porta (cineasta Fernando Coimbra)
>> Dia 21 – As bruxas no cinema (sacerdotisa Claudhia Issa e jornalista Nadine Lopes)
>> Dia 29 – O filme A menina que matou os pais (cineasta Maurício Eça)